Na década de 1980, a americana perdeu sua filha em um trágico acidente com um motorista bêbado; começou então uma luta incansável para mudar as leis sobre direção e álcool nos EUA
Alana Sousa Publicado em 09/05/2021, às 07h00
Candy Lightner tentava sustentar seus três filhos após o divórcio de um longo casamento com o militar Steve Lightner. Vendendo imóveis na região de Fair Oaks, no estado americano da Califórnia, a mulher havia conseguido certa estabilidade, até que um acidente virou sua vida de cabeça para baixo.
Era maio de 1980, uma de suas filhas, Cari, de 13 anos, caminhava em rua aparentemente tranquila, nas proximidades de sua residência. Até que um carro desgovernado a atingiu fortemente, o impacto lhe jogou a 7 metros de distância, causando marcas devastadoras em seu corpo.
A tragédia envolvendo um motorista descontrolado não era nova na vida de Lightner. Anos antes, quando Cari e Serena, irmãs gêmeas, eram ainda bebês, o carro de Candy fora atingido por um piloto embriagado.
O outro filho, Travis, também havia sido atropelado. Quando tinha quatro anos, o garoto sofreu danos terríveis, precisando de cirurgias delicadas para reparar o estrago. Ainda assim, o menino ficou com sequelas cerebrais.
Então, quando Cari foi atropelada e morta por um motorista bêbado, Lightner mal podia acreditar. Perdera a sua filha para um homem que dois dias antes tinha atropelado outra pessoa. Clarence William Busch não parou para oferecer socorro a nenhuma das vítima.
Buscando justiça, mas sabendo que não iria encontrar, Candy ficou furiosa. Em seu livro, ‘Givin Sorrow Words’ (1991), se descreveu como “enfurecida e impotente”. O assassino foi condenado a apenas dois anos de prisão — o que instigou Lightner a tomar a decisão que mudaria não só a sua realidade, mas de outras pessoas ao redor dos EUA.
Sem saber qual rumo tomar e indignada com a sentença do homicida de sua filha, a americana sabia que tinha que fazer algo. Juntou seus amigos e anunciou sua ideia em setembro de 1980: “Vou começar uma organização porque as pessoas precisam saber sobre isso", relembrou em sua biografia.
A instituição, aos poucos, começou a tomar forma. Nomeada MADD, ‘Mothers Against Drunk Drivers’ (em tradução livre: Mães contra motoristas bêbados), Candy passou a se dedicar em tempo integral à organização.
Largou o emprego e mergulhou na legislatura americana; precisava entender as leis do período para apresentar mudanças efetivas. “Eu me tornei uma personalidade e uma cruzada com uma causa”, disse Candy. Juntando o dinheiro arrecadado e o seguro de vida de Cari, ela começou a viajar pelo país e atrair atenção de outras mães que haviam passado pela mesma situação, ou ainda piores.
Cari era uma das 240 mil vítimas de acidente com motoristas embriagados registradas na década de 1980. Era inaceitável. Para Lightner, era preciso aniquilar de vez “a única forma de homicídio socialmente aceita”.
Em entrevista para a Vogue, a ativista planejou uma caminhada de protesto com 20 mães, porém, para a sua surpresa, no dia marcado 100 apoiadoras compareceram. “Eu estava tão obcecado que, de muitas maneiras, não permiti que a vida continuasse fora de MADD”, confessou a mulher.
Seu objetivo se tornava cada vez mais claro, algo que transparecia para muitas pessoas, inclusive políticos que seriam relevantes para que as leis mudassem. Primeiramente, Candy foi convidada para fazer parte de uma comissão estadual contra a direção embriagada pelo governador da Califórnia, Jerry Brown.
A parceria rendeu frutos, tempos depois, foi chamada pelo então presidente dos EUA Ronald Reagan para fazer parte da Comissão Nacional de Dirigir Bêbado. Seu papel foi crucial para aumentar para 21 anos a idade permitida para o consumo de álcool — a medida ajudou a salvar cerca de 800 vidas por ano.
Nos anos seguintes, sua fama cresceu. Lightner participou de palestras e entrevistas na televisão. Sendo, até mesmo, objeto de um documentário da NBC, em 1983, nomeado Mothers Against Drunk Drivers-The Candy Lightner Story. A MDDA ganhou outras proporções, hoje, além de manter uma filial em cada estado americano, a instituição está presente no Canadá, Austrália, Reino Unido e Nova Zelândia.
A trajetória de perda, luta e busca por justiça para todos inspirou também Serena, a gêmea de Cari. A jovem fundou a organização Students Against Drunk Drivers (em tradução livre: Estudantes contra motoristas bêbados), honrando a saga da mãe.
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