Entenda a origem dessas criaturas fantásticas que, embora não tenham existido, nos fascinam desde a Antiguidade
Ingredi Brunato Publicado em 27/05/2023, às 08h00
Parcialmente humana e parcialmente peixe, a sereia é uma popular criatura fantástica que já apareceu nas lendas de diversas culturas através da História, seja como objeto de desejo devido à sua beleza e aura misteriosa, ou como um ser que inspira terror por enfeitiçar marinheiros com seu canto irresistível a fim de atraí-los para o fundo do mar, onde eles inevitavelmente se afogariam.
As civilizações do passado, é claro, imaginaram toda uma variedade de criaturas fictícias extravagantes, mas poucas se mantiveram tão vivas em nosso imaginário quanto as sereias, que ainda povoam diversos de nossos produtos artísticos.
Um exemplo recente disso é justamente o filme live-action de "A Pequena Sereia", que chegou oficialmente aos cinemas brasileiros na última quinta-feira, 25 de maio, após uma longa espera.
A produção da Disney usa atores em carne e osso — incluindo a jovem Halle Bailey no papel da protagonista — para fazer uma releitura de sua bem-sucedida animação de 1989, que contava a história de Ariel, uma sereia que passou a desejar ser humana ao se apaixonar por um príncipe.
Na Grécia Antiga, essas mulheres com cauda de peixe teriam aparecido, por exemplo, na Odisseia, um clássico poema épico responsável por narrar as desventuras vividas pelo herói Ulisses e sua tripulação enquanto eles tentam voltar para casa após lutar na Guerra de Troia.
Um dos obstáculos vividos pelo general é justamente um perigoso encontro com um grupo de sereias que enlouquecem os homens através de sua voz. Para impedi-los de pular no oceano, é necessário encher os ouvidos dos marinheiros com pedaços de cera de abelha a fim de abafar os chamados hipnóticos das criaturas.
Já Ulisses, para saciar sua curiosidade de conhecer os poderosos cantos, é acorrentado ao mastro da embarcação — e, assim que começa a ouvi-los, implora para ser liberto, apenas voltando a si após o navio abandonar as águas infestadas de sereias.
Por outro lado, existia também na mitologia grega a figura do poderoso Tritão, filho de Poseidon (o deus do oceano), que era metade homem e metade peixe, sendo responsável por governar os mares. Nos filmes da Disney sobre Ariel, aliás, ele aparece como o pai da jovem.
Conforme relembrado por Peter Goggin, professor associado de inglês na Universidade do Estado do Arizona (EUA), em artigo publicado no The Conversation, a civilização síria também possuía crenças sagradas que incluíam esses seres míticos. Sua deusa Atargátis, que era uma entidade de grande importância, possuía a forma de uma sereia, e, neste caso, era vista como uma força do bem, protegendo aqueles que a cultuavam.
Entre os povos celtas, as chamadas "merrow"s possuíam um artefato mágico que lhes permitiam habitar tanto o oceano quanto a terra firme, com sua forma de metamorfoseando de acordo com o ambiente, segundo informou o portal Beach Combing. Caso alguém roubasse esse artefato, porém, elas ficavam presas em uma forma só.
Outro detalhe curioso é que existiam homens merrow, entretanto eles eram descritos como muito feios, e, por isso, rejeitados por suas contrapartes femininas, que possuíam uma beleza estonteante.
Mais para frente na trajetória da humanidade, existem também os mitos que eram nutridos no Japão feudal a respeito dessas criaturas, batizadas por eles de "ningyo"s. Diferente da maioria das representações, essas possuíam uma aparência mais próxima de um mostro marinho. Sua carne, no entanto, seria capaz de conceder a juventude eterna para aqueles que a consumissem.
Assim, seja quais forem os detalhes que envolvem os folclores acerca dessas figuras mitológicas, o que persiste é a continuidade do interesse humano nelas, de forma que o mito das sereias prossegue inspirando a criação de novas histórias.
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