Aventura sob rodas: O casal que rondou o mundo em uma Land Rover nos anos 70

Em 1977, Alec e Jan Forman, um casal de jovens britânicos, estavam prontos para sair em uma aventura. O casamento ocorreu três anos antes, porém já economizavam para a viagem de suas vidas desde 1972, quando seus caminhos se cruzaram. 

Seu amor surgiu em solo alemão: eles se conheceram dentro do bar acoplado a um hospital do exército britânico, com ele servindo à Inglaterra como soldado, e ela como enfermeira. A dupla inclusive usou sua épica jornada para revisitar muitas das cidades alemãs em que tiveram seus primeiros momentos juntos.  

Aventura terrestre 

O casal atravessou 29 países no decorrer de 14 meses, conhecendo diversas culturas e pessoas variadas. Para transportá-los, contavam com seu fiel Land Rover, um veículo que pegaram emprestado do tio do Alec, um fazendeiro que, até então, apenas usara o automóvel para carregar batatas e porcos através de sua propriedade. 

Para acomodar o casal em seu trajeto, que passou por nada menos que três continentes (Europa, África e Ásia), vale enfatizar que os britânicos fizeram uma série de adaptações ao interior do Land Rover. 

Hoje, não é incomum encontrar, nas redes sociais, diários audiovisuais de influenciadores embarcando em viagens dentro de suas vãs, e é possível assistir diversos vídeos mostrando como converter os veículos em um verdadeiro lar.

Quando os Forman fizeram isso na década de 70, todavia, não tinham como objetivo um ambiente esteticamente agradável que ficasse bonito no Instagram, focando-se, em vez disso, na praticidade: 

Mantivemos tudo simples. Não era como todos os veículos que eles usam agora, que têm várias decorações extras. Éramos muito básicos", explicou Alec em uma entrevista à CNN neste ano. 

Ironicamente, as fotografias tiradas pelo casal durante aqueles 14 meses rodando o mundo com apenas mapas e bússolas para orientá-los atualmente são divulgadas em sua conta do Instagram. 

A rede social é usada para promover o livro autobiográfico lançado por eles em 2014, o "Strangers Like Angels: With a Devil or Two to Boot", que conta sua trajetória em detalhes, e, infelizmente, ainda não foi publicado no Brasil. 

Explosão de experiências

Além de paisagens de tirar o fôlego e vivências culturais, os jovens britânicos teriam passado por diversos desafios em sua jornada. Eles precisaram, por exemplo, cruzar duas vezes o deserto do Saara, tendo enfrentado tempestades de areia e altas temperaturas na segunda vez. 

"A rota para o leste de Alec e Jan começa na Hungria e passa pela Turquia, Irã, Afeganistão e Paquistão, encontrando novos companheiros de viagem ao longo do caminho. Mesquitas, templos, montanhas irregulares e estruturas antigas traçam seu caminho para a Índia. De país em país, recebem gentilezas por meio de uma moeda universal: o chá", explica o site oficial do Strangers Like Angels. 

A determinação foi um fator importante manter o casal na rota: quando um caminho para a Índia, um dos países em seu itinerário, foi bloqueado por eventos geopolíticos, os Forman descobriram outra maneira de chegar ao território. 

A façanha se torna ainda mais impressionante quando se leva em conta que a dupla não podia contar com o auxílio da internet, seja para usar o GPS ou pedir ajuda caso algo desse errado. 

Não podíamos telefonar para nossa família nem nada. Tínhamos que confiar nas cartas. Assim, avisávamos quando enviar cartas para determinados pontos e tentávamos calcular quando estaríamos em um lugar em um determinado horário", explicou Jan à CNN. 

Muitas vezes, eles precisaram contar com a gentileza de estranhos, ou "anjos", como essas figuras foram chamadas em seu livro de memórias.

Uma delas foi um homem que cruzava o Saara em um camelo, e, além de fornecer direções para os jovens britânicos (que corriam o risco de ficar sem gasolina na Land Rover caso se perdessem entre as dunas), ainda deu um pouco de leite de camelo para que eles provassem. 

Anos posteriores

Os aventureiros tiveram três filhos juntos, Esther, Heidi e Charles, que também levaram em muitas viagens. Foi apenas após a chegada do menino, aliás, que decidiram aposentar o Land Rover, companheiro de tantos trajetos, para comprar uma vã que abrigasse toda a família confortavelmente. 

O veículo, todavia, continuou sob posse dos Forman, e, ainda segundo a CNN, Alec já tem a algum tempo o desejo de restaurá-lo. 

Pessoalmente, adoraria poder usá-lo e embarcar em aventuras com minha família para dar continuação a esse legado nostálgico. E parece um desperdício não tentar pelo menos restaurá-lo de alguma forma. Mas a maior parte disso é por querer utilizá-lo como uma espécie de fonte de inspiração", concluiu.