A descoberta inusitada surpreendeu os pesquisadores, que examinaram dois sarcófagos 50 anos após serem encontrados
Alana Sousa Publicado em 24/06/2021, às 08h00
Milhares de anos depois de seu apogeu, a civilização egípcia continua a intrigar os pesquisadores. Muito além dos principais personagens do Egito Antigo, como Cleópatra, Tutancâmon, Nefertiti e Aquenáton, um dos principais — e mais complexos — períodos da História deixou vestígios valiosos.
Desde sarcófagos, artefatos únicos e as notáveis pirâmides, as múmias são uma das partes mais impressionantes para o estudo arqueológico. Repletas de características incomuns, elas relevam um aspecto imensurável sobre a Antiguidade.
Assim, cada descoberta é tratada com o máximo de importância e valor histórico. O processo que acontece após as múmias serem desenterradas é, na maioria das vezes, o mesmo: o artefato é encaminhado para mais estudos e, então, os resultados são divulgados para o grande público.
O procedimento também ocorreu com duas múmias egípcias que fazem parte da coleção do museu da cidade de Haifa, em Israel. Os esqueletos foram encontrados há cerca de 50 anos e foram descritos como tendo cerca de 2 mil anos de idade, além de conterem dois corações alojados dentro dos sarcófagos.
Porém, ao analisar melhor as múmias, os especialistas do museu notaram que a descrição não fazia sentido e resolveram investigar mais a fundo os objetos. Os exames foram realizados no Hospital Rambam e divulgados pela Live Science e pela revista Galileu, em julho de 2020.
Através de tomografias computadorizadas, a equipe de estudiosos, liderada pela Dra. Marcia Javitt, presidente de radiologia do Hospital Rambam e professora de radiologia da Universidade George Washington, os novos resultados surpreenderam os cientistas.
Dentro do sarcófago em que, supostamente, havia uma múmia humana, os especialistas encontraram uma abundante quantidade de lama e grãos. O esqueleto falso, de aproximadamente 45 centímetros, fora projetado para se parecer com o deus da vida após a morte, Osíris.
“Seria uma mistura de argila ou areia com esses grãos, e aí eles mergulhavam na água e os grãos germinavam”, explicou Ron Hillel, chefe de gerenciamento de coleção dos Museus de Haifa.
Por outro lado, a outra múmia não era feita de grãos, mas também não continha uma ossada humana. Dentro de um sarcófago feito para representar o deus dos céus Hórus, havia um esqueleto de um falcão.
De acordo com a mitologia egípcia, Hórus era filho de Osíris e Íris, sua aparência era humana com uma cabeça de pássaro. O pequeno cadáver, de apenas 25 centímetros, estava bastante ressecado e não tinha a pata esquerda.
O detalhe ainda é um mistério para a equipe, sabe-se somente que o animal teve seu pescoço quebrado, possivelmente o ferimento foi feito após a morte da ave. Segundo Javitt, o fato de a pele estar quebrada aponta para uma lesão pós-morte.
Ainda que a descoberta tenha se mostrado ser bem diferente do que previamente pensado, Hillel alega que “os registros não eram guardados de forma tão cautelosa quanto são hoje”, podendo abrir espaço para confusões e interpretações equivocadas.
Todavia, Javitt descreve a descoberta da melhor maneira possível, sem menosprezar sua relevância ou esquecer as recentes informações divulgadas: “Não são múmias de verdade; são artefatos”.
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