A polêmica neta de Stalin, Chrese Evans - Divulgação/Facebook
União Soviética

American way of life: Chrese Evans, a neta punk de Stalin que vive nos Estados Unidos

Radicalizando os passos de sua mãe, que fugiu da União Soviética, ela rejeitou ainda mais o passado de sua família, assumindo até mesmo um nome diferente

Redação Publicado em 25/04/2020, às 09h00

Em 6 de março de 1967, Svetlana Iosifovna Alliluyeva entrou na embaixada dos Estados Unidos em Nova Delhi. Pode parecer apenas uma pessoa de nome russo, mas sua fuga para o país exemplo do capitalismo ocidental causou muito mais surpresa que isso. Seu outro nome era Svetlana Stalina, e ela era filha de Stalin, ditador soviético.

A mulher viveu tanto na Inglaterra quanto nos Estados Unidos, onde morreu em 2011, com bem-vividos 85 anos, de câncer no cólon, sem qualquer arrependimento. Teve três filhos: Iosif, cardiologista, que morreu em 2008, aos 67 anos; Katya, uma cientista reclusa que estuda vulcões na Sibéria; e a mais polêmica de todas: Olga, que mudou de nome e passou a se chamar Chrese Evans.

Stalin e sua filha mais nova Svetlana / Crédito: Domínio Público

 

Chrese passou sua infância na Inglaterra, sendo o único fruto da união de sua mãe com o arquiteto William Wesley Peters, o terceiro casamento de Svetlana. Como caçula, foi a única a permanecer ao lado da mulher — enquanto seus irmãos continuaram ligados à União Soviética, a neta de Stalin decidiu se mudar de vez para os Estados Unidos.

Estudou em uma escola independente no Reino Unido e logo depois decidiu viver em Portland, no estado de Oregon, Estados Unidos, onde trabalhou em uma butique enquanto estudava em uma faculdade de direito tributário e contabilidade. Apesar de toda a situação com sua família, disse em entrevista ao jornal diário estadunidense Daily Mail que viveu uma infância "mais ou menos normal".

"Até a minha adolescência isso não fez parte da minha vida, porque ela me manteve muito, muito protegida disso. Ela sempre dizia que eu era tão americana quanto uma torta de maçã e sempre quis me proteger dos apuros que enfrentou durante toda a sua vida. Nós tínhamos uma relação muito especial. Era mais como uma parceria, tipo uma superdupla", afirmou Chrese em entrevista ao canal americano PBS.

Chrese Evans, a neta de Stalin / Crédito: DIvulgação/Facebook

 

Era de se esperar que a postura de Svetlana fosse crítica ao regime governado por seu pai. Foi apenas quando Stalin morreu, em 1953, que ela tomou conhecimento da extensão dos crimes do ditador. Ela permaneceu alguns anos vivendo no palácio do Kremlin, mas isso não durou muito. Como já dito, a russa fugiu para os Estados Unidos, quando o embaixador dos EUA lhe ofereceu asilo político.

Ao chegar à Nova York, em 1967, rompeu de vez com o passado. Começou a divulgar suas opiniões: para ela, o comunismo soviético "exigia a censura de qualquer pensamento privado por meio da hipnose de massas", e a ideologia de seu pai era uma "mentalidade dos escravos". "Teve muita tragédia na minha família. Eu não perdoo ninguém de nada. Ele foi capaz de matar tantas pessoas, eu nunca conseguirei perdoá-lo", afirmou ainda.

Chrese Evans e sua mãe Svetlana / Crédito: Divulgação/Facebook

 

Esse pensamento perpassou sua vida, por mais que tentasse se esquivar de seu passado. "A vida inteira da minha mãe foi sobre isso [ser filha do Stalin] e uma busca de viver uma vida nova. É claro que ela abomina o que ele fez. Mas teve um período que tantas pessoas a responsabilizaram pelas ações de seu pai que ela até chegou a pensar se era verdade, se ela não tinha alguma culpa nisso. Foi muito injusto”, explicou Chrese ao Daily Mail.

Hoje, Chrese é a única neta conhecida de Stalin, mas não poderia ser mais diferente que seu avô. Mora nos Estados Unidos, faz faculdade de contabilidade, exibe looks polêmicos na Internet, critica o socialismo e vive o que poderia ser chamado de “american way of life” (jeito americano de viver). Não é difícil imaginar qual seria a reação do ditador soviético para tal rumo em sua família.


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