Antes de Hollywood, a modelo já encarava outra luta: a progenitora
Fabio Previdelli Publicado em 09/05/2020, às 09h00
Em 13 de junho de 1926, Gladys Baker, de 26 anos, levou sua filha Norma Jeane Mortenson, de duas semanas de vida, para o lar adotivo de Ida e Wayne Bolender, na Califórnia. Apesar de haver nenhum sinal do pai da criança, que era oficialmente desconhecido — sua mãe insistiu por anos que ele seria Charles Stanley Gifford, um colega de trabalho da Consolidated Studios.
Esse foi só o primeiro dos episódios que marcou a conturbada relação entre a garota, que se tornaria mundialmente famosa com a alcunha de Marilyn Monroe, e sua mãe, que raramente encontrava um terreno sólido nos mais de 36 anos em que conviveram.
A devota religiosa Ida administrava a casa com ímpeto e firmeza, mas era compassiva e a jovem tinha um bom relacionamento com seus irmãos e irmãs adotivos.
Além disso, esse foi o período em que Baker se dedicou mais ao seu bem-estar. Apesar de já ter tido dois filhos, Jackie e Berniece, que foram tirados dela por seu ex-marido, a jovem estava determinada a manter Norma em sua vida.
Assim, frequentemente passava seu tempo livre com a jovem e, quando a menina já tinha idade suficiente, ocasionalmente a levava para dormir no seu apartamento em Hollywood. No entanto, Baker passou a mostrar sinais da instabilidade mental.
Conforme detalhado em The Secret Life of Marilyn Monroe, de J. Randy Taraborrelli, uma vez Gladys apareceu desesperada no lar adotivo e exigiu levar sua filha de três anos para casa. Ela teria trancado Ida na porta dos fundos e tentou fugir com a filha enfiada em uma mochila. Mas foi impedida.
Estado emocional conturbado
Embora os pedidos de Baker para adotar Monroe tenham sido rejeitados, quando a jovem tinha sete anos, Ida decidiu que já era hora de mãe e filha se reunirem para sempre. Por um tempo, Gladys chegou a alugar uma casa perto do Hollywood Bowl, mas uma série de eventos infelizes levou as coisas a piorarem no outono de 1933.
Primeiro, descobriu que seu filho Jackie, de 13 anos, morreu por complicações de uma doença renal. Em poucas semanas, também soube que seu avô havia se enforcado e que o estúdio onde trabalhava estava entrando em greve.
Baker finalmente cedeu aos seus tormentos em meados de 1934, quando Monroe testemunhou que sua progenitora gritava e a chutava loucamente antes da polícia ser chamada. Diagnosticada como esquizofrênica paranoica, foi internada pela primeira vez no hospital estadual de Norwalk.
Nos anos seguintes, Marilyn viu a mãe de forma intermitente enquanto se deslocava entre as residências de sua nova tutora legal, a amiga íntima de Baker, Grace Goddard. As coisas se estabilizaram novamente para a adolescente quando ela desembarcou na casa de Edith Ana Lower, conhecida como "tia Ana" — uma mulher divorciada que conseguiu impressionar tanto Monroe quanto sua mãe com seus ensinamentos da fé na ciência cristã.
Nessa época, Baker contou a Marilyn que ela tinha uma irmã mais velha, Berniece. Feliz por saber que não estava mais sozinha, a atriz começou a se trocar cartas com ela, desencadeando um relacionamento importante que levaria até os últimos dias de sua vida.
A não aprovação da mãe
Em 1946, depois de ser libertada do Hospital Estadual Agnews de San Jose, Baker voltou a morar com a filha na casa de tia Ana. Foi um período de transição na vida de Monroe, quando sua carreira de modelo decolou, seu casamento com Jim Dougherty passava por um momento difícil e ela estava prestes a assinar com a 20th Century Fox.
Quando Berniece veio para uma estadia prolongada naquele verão, trouxe novamente um período de relativa felicidade familiar para a modelo. Ainda assim, obviamente, sua mãe não estava bem. Emocionalmente distante, costumava expressar desagrado pela escolha profissional da filha de se tornar atriz.
Em setembro, logo após o divórcio de Marilyn, Baker anunciou abruptamente que mudaria para Oregon. Mas Monroe logo soube que sua mãe nunca havia chegado ao estado, e depois descobriu que, em vez disso, ela havia sido atropelada.
Porém, em maio de 1952, descobriu que sua mãe estava viva e trabalhando em um asilo nos arredores de Los Angeles. Após rejeitar alguns pedidos da modelo para retornar à Califórnia, Baker acabou cedendo e aceitou uma passagem de trem até a casa de Goddard. Entretanto, chegou lá em um estado de crise e Monroe foi obrigada a ver a mãe sendo levada a um hospital após ser amarrada em uma maca.
A ascensão em Hollywood e um fim conturbado
Enquanto Monroe completava sua transformação em ícone de Hollywood, mantinha contato com sua progenitora por meio de cartas: muitas delas com pedidos da mãe para tirá-la do Sanatório Rock Haven.
Em paralelo ao sucesso, estava os diversos problemas de relacionamento e a crescente dependência de médicos e barbitúricos — um composto químico sintético. Em fevereiro de 1961, depois de confessar a um médico que havia considerado suicídio, Monroe se viu seguindo o caminho de sua mãe, quando foi internada na Clínica Payne Whitney, em Nova York. Sua estadia lá foi breve, mas longa o suficiente para que a notícia vazasse para a imprensa.
Após sair da internação, as duas se viram pela última vez no verão de 1962, quando a atriz implorou para que sua mãe tomasse seus remédios, mas ela insistia que a única coisa que precisava era de orações.
Quando a mãe se levantou para partir, Monroe a deteve e enfiou um frasco na bolsa, desenhando um sorriso da mulher mais velha. "Você é uma garota tão boa, Norma Jeane", disse ela, antes de sair sem se despedir.
Em 5 de agosto, o corpo de Monroe finalmente cedeu a anos de abuso de drogas. Alegadamente mostrando poucos sinais exteriores de que a morte a impactou, Baker conseguiu sobreviver sem sua filha por mais 22 anos.
Ela passou os últimos dias livres das casas psiquiátricas que a mantiveram confinada por tanto tempo e impediram que a relação das duas fosse mais amoroso e próximo.
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