Após ter sido presa no Brasil e deportada para a Alemanha, a esposa de Luís Carlos Prestes foi parar em campos de concentração, onde passou seus últimos anos de vida
Giovanna Gomes, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 17/03/2021, às 11h35 - Atualizado em 12/11/2021, às 09h00
Conhecida por muitos, a história de Olga Benário Prestes é repleta de lutas. Judia e militante comunista alemã, desde cedo começou a atuar em grupos de resistência aos regimes de extrema-direita, em especial o nazismo. Mais tarde, casou-se com o político brasileiro Luís Carlos Prestes, uma das personalidades mais influentes no país durante do século 20.
Após a chamada intentona comunista liderada por seu marido, Benário foi deportada para a Alemanha pelo presidente Getúlio Vargas em 1936 e, posteriormente, enviada a um campo de concentração.
Contudo, mesmo tendo passado sete anos presa, ela manteve as esperanças e acreditava que um dia seria libertada. É o que disse a jornalista britânica Sarah Helm em seu livro Ravensbrück, lançado em 2017.
No mesmo ano de lançamento da obra, Helm concedeu uma entrevista à DW, na qual revelou como foram os dias de Olga enquanto esteve sob domínio dos nazistas, explicando quais eram as atividades que exercia, tudo a partir de informações que obteve a partir do contato com cartas da revolucionária.
"Tive acesso à toda a coleção de cartas e descobri que, olhando para todas elas, temos uma ideia bem melhor da vida e da morte dela nos campos de concentração," disse a jornalista ao veículo.
Grávida de sete meses à época em que foi deportada, ela teve sua filha Anita em uma prisão da Gestapo, onde permaneceram juntas durante o período de amamentação. Depois que foi separada da menina, no ano de 1938, Benário foi enviada provisoriamente a Litchenburg e, no ano seguinte, a Ravensbrück.
De acordo com Helm, a militante era encarregada de liderar o bloco das prisioneiras judias e, por isso, tinha de manter a ordem no local e seguir as determinações dos nazistas, o que teria sido "uma tarefa difícil". Mas Olga aliviava seu sofrimento e das demais presas a partir da leitura de poemas, além de que fazia exercícios físicos.
No entanto, o que chama atenção é que a militante foi capaz de fazer contato com outras mulheres que tinham o mesmo posicionamento político que ela e, assim, criar um grupo de resistência.
A autora do livro explicou que Olga "organizou, com as comunistas, um grupo de leitura de Tolstoi", livro que era proibido pelos nazistas. Assim, aproveitando-se de um momento de distração dos oficiais, as prisioneiras o resgataram.
Mas, de acordo com Sarah, "esse grupo de leitura foi descoberto certa vez, o que rendeu punições severas, com várias presas indo para a solitária e passando fome por semanas."
Mesmo tendo passado sete anos desde sua prisão, Benário ainda teria esperanças de um de um dia ser libertada e reencontrar sua família. Conforme explicou Helm ao veículo em 2017, "Havia uma lei que garantia a liberdade se a pessoa fosse casada com alguém natural de um país estrangeiro, o que era o caso dela."
Além disso, "havia uma campanha mundial liderada pela mãe de Luís Carlos Prestes pedindo por sua libertação. Mas a guerra eclodiu antes que elas conseguissem o visto", explicou. Assim, mesmo com as pressões por sua soltura, a mulher foi enviada ao campo de extermínio de Bernburg e, em 23 de abril de 1942, foi morta em uma câmara de gás, aos 34 anos de idade.
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