Uma das mais famosas pinturas de Leonardo da Vinci, 'A Última Ceia' é envolta por curiosidades pouco conhecidas; confira!
Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 15/07/2023, às 17h00 - Atualizado em 25/07/2023, às 18h49
Ao longo da História, a humanidade foi agraciada com incontáveis artistas que, cada um a sua maneira, contribuíram com a formação de uma cultura, sendo assim extremamente relevantes para determinadas sociedades. E em meio a tantos pintores e escultores de grande renome na História da Arte, poucos têm tanto destaque atual quanto o gênio italiano Leonardo da Vinci.
Um verdadeiro polímata — pessoa com conhecimento em diversas áreas — da Vinci foi cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico. E ao longo de sua vida, algumas de suas contribuições à humanidade obtiveram tanto destaque que ele foi eternizado na história, como os quadros 'Mona Lisa' e 'A Última Ceia'.
A última mencionada, no caso, assim como a 'Mona Lisa', é uma das pinturas mais admiradas, estudadas e reproduzidas que o mundo já viu, reproduzindo o que seria a última refeição de Jesus antes de sua traição e crucificação. Em seus impressionantes 4,60 metros de altura por 8,80 metros de largura, vê-se o exato momento em que Jesus alertaria aos apóstolos sobre a existência de um traidor entre eles, com as expressões de indignação e raiva de seus seguidores.
Para saber mais sobre essa importante obra de Leonardo da Vinci, veja a seguir 10 curiosidades sobre 'A Última Ceia':
Muita gente já teve a oportunidade de apreciar a beleza da 'Última Ceia' de da Vinci pessoalmente, em museus pelo mundo. Entretanto, a verdade é que o que muitas pessoas observaram eram somente réplicas, pois transportar a arte seria no mínimo complicado.
Isso porque, ao contrário do que muita gente imagina, 'A Última Ceia' não se trata de um quadro em tela, mas sim uma pintura em parede. Ou seja, a versão original segue, até hoje, no mesmo lugar em que foi pintada a princípio: uma parede do refeitório do Convento de Santa Maria delle Grazie, localizado em Milão, na Itália.
Vale lembrar que, por mais que esse estilo de produção se assemelhe bastante a um afresco, a obra não se trata de tal. Enquanto afrescos são pintados em gesso ainda molhado, da Vinci pretendia alcançar um brilho que o método não possibilitava. Para isso, inventou sua própria técnica — de têmpera sobre pedra —, e finalmente concretizou sua pintura em parede.
Embora hoje essa famosa obra de Leonardo da Vinci seja considerada uma de suas obras mais importantes, já sofreu muito com forças externas e o próprio tempo — afinal, não é qualquer arte que resiste a mais de 500 anos de exposição. Conforme recorda o site Mental Floss, sua tinta começou a descamar ainda no início do século XVI, e em 50 anos já estava praticamente arruinada.
Não bastasse isso, em 1652 uma porta foi adicionada à parede onde da Vinci depositou seu talento, de forma que parte do quadro na região central inferior foi perdida. E ainda, mais tarde, "um pintor bem-intencionado limpou-o com solventes cáusticos; as tropas de Napoleão usaram o salão como arsenal e estábulo", segundo o The Washington Post. Isso tudo sem mencionar os danos sofridos com bombardeios na Segunda Guerra Mundial.
Sendo uma obra tão antiga, e tendo vivenciado situações tão diversas e desgastantes com o tempo, já é surpreendente que 'A Última Ceia' original não tenha sido perdida. Afinal, a pintura não somente sofreu com as tropas de Napoleão já mencionadas, como também já foi desgastada pelas vibrações dos bombardeios dos Aliados durante a Segunda Guerra Mundial, tendo uma bomba explodido a somente 25 metros de distância em certa ocasião.
Dessa forma, no ano de 1980 uma equipe de restauração começou a trabalhar na obra de da Vinci, em um esforço que se prolongou por 19 anos. No fim, realmente a pintura foi restaurada e passou a ser possível apreciá-la desde então; porém, fato é que muito de sua pintura original foi perdida no caminho, e hoje restam poucas pinceladas originais do artista renascentista nela.
É indiscutível que 'A Última Ceia' é uma pintura impressionante, mesmo para quem não entenda tanto assim de Arte. A razão para a magnificência da obra pode se dar pelo próprio talento de da Vinci ao retratar momentos precisos de maneira detalhada, ou pelo impressionante tamanho dela. Porém, outro elemento que nem todos percebem ou pontuam é sobre sua perspectiva.
Parecendo convidar o espectador a adentrar na dramática cena da última refeição de Jesus com seus apóstolos, a obra conta com um jogo de perspectiva, quase uma ilusão de ótica. E para obter esse resultado, Leonardo da Vinci martelou um prego na parede em que 'A Última Ceia' foi pintada, e amarrou um barbante para fazer marcas que o ajudariam a guiar sua mão nos ângulos da pintura.
Uma teoria que possivelmente não tem sequer como ser comprovada, mas que muita gente acredita desde sempre, é que Leonardo da Vinci teria escolhido pessoas reais para servir de inspiração aos personagens retratados na 'Última Ceia'. Ou seja, cada apóstolo, além do próprio Jesus, seriam baseados em pessoas reais que modelaram para o pintor.
E o que a teoria aponta é que, quando o italiano escolheu alguém para inspirá-lo ao pintar Judas, o apóstolo que traiu Jesus — e o quinto visto à esquerda, segurando um saco de prata —, ele teria buscado por seu modelo nas antigas prisões de Milão, onde teria encontrado a pessoa de aparência perfeita.
Para alguém criar uma pintura partindo do nada, não basta só passar por um processo criativo próprio, como também é importante a escolha de cada pequeno símbolo retratado, afinal, o pintor pode colocar o elemento que quiser, transmitindo a mensagem que tiver pretensão. Dessa forma, 'A Última Ceia' não escapa de ter significados ocultos em sua composição, mesmo que ainda incertos.
De acordo com o Mental Floss, o sal derramado diante de Judas possui duas possíveis interpretações: ou representaria a traição do homem, ou seria um sinal de sua má sorte por ter sido escolhido para trair.
Além disso, o peixe servido na refeição também possui leituras opostas, dependendo de seu tipo. Caso o animal seja uma enguia, ela pode representar a doutrinação, portanto, a fé em Jesus; se for um arenque, porém, poderia simbolizar um descrente que nega a religião.
E as comidas distribuídas na mesa da 'Última Ceia' não são o único detalhe da grande pintura de Leonardo da Vinci que podem possuir algum significado oculto. Isso porque um pequeno elemento — o dedo apontado para o ar de Tomé, homem de perfil à direita de Jesus — pode ser uma referência a um evento que, na liturgia católica, só aconteceria mais a frente do evento retratado.
Alguns estudiosos que analisam a obra acreditam que esse gesto teria sido colocado por da Vinci na obra propositalmente, visando isolar o dedo do apóstolo, que se torna um elemento importante depois da ressurreição de Jesus. Na ocasião, Tomé duvida da visão que tem, de um messias renascido, e é solicitado a verificar as feridas de Jesus com o dedo para acreditar.
Porém, é claro que as interpretações inusitadas dos elementos presentes na obra não se limitariam ao simples. Um exemplo de teoria maluca que surgiu com o tempo é a proposta por Lynn Picknett e Clive Prince no livro 'The Templar Revelation', que diz que a figura na esquerda de Jesus não seria o apóstolo João, mas sim Maria Madalena.
Já alguns músicos chegaram a especular que a obra teria um outro tipo de mensagem oculta: uma trilha sonora secreta que a acompanharia. Tentando comprovar a teoria, o músico italiano Giovanni Maria Pala criou, em 2007, 40 segundos de uma música composta por notas codificadas na 'Última Ceia'.
Parte do que torna a 'Última Ceia' uma pintura tão mitológica na história de da Vinci vem também de pequenas lendas populares que, saindo de bocas conspiracionistas, teriam apenas auxiliado na imagem de homem de destaque para o pintor italiano. Uma delas diz que o mesmo homem que posara para ser Jesus na obra, era aquele que o inspirou ao pintar Judas, com um distanciamento de anos de pecado entre uma representação e outra. Porém, hoje sabe-se que isso é falso.
A verdade é que a demora para a produção da obra — cujo processo criativo durou de 1495 a 1498 — se deve muito à tendência de da Vinci a procrastinar, o que também explica a demora que ele apresentou em outros quadros. Porém, a mensagem de que a decadência espiritual do homem que posou como Jesus teria transformado-o na persona perfeita para Judas realmente caiu bem na época.
Por fim, é impossível falar sobre 'A Última Ceia' sem se deparar com pequenas confusões, afinal, a obra já foi referenciada tantas vezes ao longo da História da Arte e da cultura pop, que algumas pessoas podem se perder sobre qual é a original. Entre os grandes artistas que já fizeram uma releitura da obra, destacam-se os pintores espanhóis Salvador Dalí e Luis Tristán.
Não só artistas renomados, como também algumas obras atuais fizeram referência à obra, como o livro 'O Código da Vinci', de Dan Brown — que ganhou versão cinematográfica em 2006 — e até mesmo no seriado animado Futurama, de Matt Groening.
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