Internado em estado terminal, o médium teve uma melhora substancial após o episódio. O que ele disse sobre o acontecido?
Fabio Previdelli | @fabioprevidelli_ Publicado em 30/06/2022, às 12h16 - Atualizado em 19/01/2023, às 16h14
No dia 30 de junho de 2002, o Brasil perdia um de seus principais expoentes do Espiritismo, o médium Francisco Cândido Xavier, popularmente conhecido como Chico Xavier. Aos 92 anos, Chico faleceu em decorrência de uma parada cardiorrespiratória.
Como recorda matéria publicada pelo jornal Estado de Minas, ele dizia que iria desencarnar em um dia em que os brasileiros estivessem muito felizes, pois assim eles não se sentiriam tão tristes com sua partida. Algo que coincidentemente aconteceu, visto que na mesma data a Seleção Brasileira conquistou o pentacampeonato mundial.
Mas os acontecimentos na vida de Chico Xavier são muito mais do que coincidências. Por mais que muitos deles parecem inexplicáveis, esse misticismo ajuda a contar e perpetuar o legado de altruísmo, empatia e religiosidade do médium.
Um desses episódios, aliás, é recordado pelo jornalista Marcel Souto Maior, autor da biografia ‘As Vidas de Chico Xavier’ (Editora Planeta), em entrevista exclusiva à equipe do site do Aventuras na História.
Em junho de 2001, Chico foi internado no Hospital Dr. Hélio Angotti, em Uberaba (MG), após apresentar um quadro de pneumonia nos dois pulmões. Inicialmente, o médium ficou em um quarto comum, mas sua piora o fez ser transferido para uma suíte no segundo andar.
Foram anos duros. Ele estava com crises fortes de angina, com o coração muito sofrido, pneumonias e mais pneumonias”, conta Marcel sobre a fase final de vida de Chico.
“Ele falava que ele tinha um amigo que não estava conseguindo ser o companheiro dele. E esse amigo era o corpo. Que ele tinha perdido esse amigo. Então ele sofria, porque ele tinha uma energia dentro dele, mas o corpo não mais o acompanhava”, continua. “Foram anos duros, anos críticos. E ele tentando esticar ‘o fio da vida’”.
Dias após dar entrada no hospital, Chico esteve entre a vida e a morte. Mas algo surpreendente e, até hoje, inexplicável mudou o rumo de sua vida.
No dia 30 de junho, às 9 da manhã de um sábado, a equipe de filmagem da Rede Globo fazia imagens da janela do quarto onde Chico estava internado. Durante a edição da gravação, como relembrou o escritor, a equipe técnica percebeu que uma luz foi flagrada pelo cinegrafista Emerson Gondim.
Nas imagens é possível ver um feixe de luz rasgando os céus, se dividindo em dois, e depois se encontrando novamente antes de adentrar a janela do quarto do espírita. O mais impressionante disso tudo é que Chico passou a ter uma melhora substancial em seu quadro clínico, antes tido como terminal.
“Depois que eu fui comunicado que havia esse fato, eu resolvi olhar o seu prontuário para verificar se havia alguma coincidência, ou se alguma coisa tinha acontecido naquele momento. E de fato aconteceu, porque daí pra frente ele começou a melhorar”, disse o médico Eurípedes Tahan, que cuidou de Chico, em entrevista ao Jornal Nacional na época.
Questionado se acreditava em coincidência, Tahan foi efusivo: “Não, eu acredito que houve uma interferência mesmo”. O médico ainda consentiu que, para a medicina, algo de anormal aconteceu naquela ocasião.
Sem dúvida alguma, porque foi daquele momento para frente que ele passou a melhorar. A febre desapareceu, sua respiração melhorou e ele ficou mais alerta com o que estava acontecendo no quarto”, completou.
Eurípedes ainda descartou que a melhora poderia ter sido efeito dos medicamentos, visto que Chico estava sendo tratado há vários dias da mesma forma. Do ponto de vista médico, ele concorda que não existe uma explicação convincente para o que aconteceu.
Quase um ano depois, em 27 de junho de 2002, cerca de 72 horas antes da morte de Chico, outra coincidência. A equipe da Rede Globo o entrevistou para descobrir o que ele se lembrava do episódio; se, na ocasião, ele havia percebido o raio luminoso ou não.
Sorridente e em um clima descontraído, essa foi a primeira e única vez que o espírita falou sobre o assunto. Ao ser perguntado o que era a luz, ele respondeu: “Era minha mãe, Maria José”.
Emmanuel, seu guia espiritual, também esteve presente, segundo Chico. “Mas ele não demorou não”. Chico ainda revelou a mensagem que o guia lhe trouxe: “[Me disse] que eu tivesse paciência”.
A imagem foi analisada, na época, por diversos profissionais; entretanto, nenhum deles conseguiu ter uma explicação plausível para o que foi registrado. Para o especialista em mídias eletrônicas da USP, Régis Alves, o facho luminosos não se deu por um defeito no equipamento.
“Com certeza não é um raio tradicional vindo de cima para baixo, projetado a partir de um holofote ou alguma fonte semelhante. Porque ele tem uma propriedade que fica condensado, ele viaja como se fosse uma luz”, aponta.
Não se tem explicação dentro dos conhecimentos científicos. É um fenômeno paranormal? Não sei. É um fenômeno extraterrestre? Não sei. O que posso dizer é que é um fenômeno desconhecido”, declarou Claudeir Covo, que na época era presidente do Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais (INFA).
Por mais que gere descrença e ceticismo em muitos, o episódio é só mais um dos que ajudam a contar a história do homem que foi eleito ‘O Maior Brasileiro de Todos os Tempos’ em concurso realizado pela BBC em parceria com o SBT, em 2012.
Para Marcel Souto Maior, Chico Xavier também é isso, uma força que vai além, independente de fenômeno, do invisível. “Eu hoje defino o Chico não como médium, eu chamo ele de ‘O Sábio Mineiro’. Eu vejo o Chico como uma mistura de um zen budista com um filósofo estóico. Ele é um mestre no exercício da paciência e também da disciplina”.
O biógrafo, que conheceu Chico há cerca de 30 anos e escreveu diversas obras sobre o mineiro, aponta os principais ensinamentos que teve durante todos esses anos de convivência, pesquisa e estudos:
“Quando você mergulha em algum dos livros dele, que ele atribui ao invisível, você encontra alguns caminhos interessantes para aumentar a maneira como você encara a vida. E como você traz mais significado para a sua vida. Porque, na verdade, ele foi um homem movido por um sentido de missão forte e por uma sabedoria que pode ser entendida em uma frase: ‘Graças a Deus aprendi a viver apenas com o necessário’
Eu acho que o Chico traz esse tipo de sabedoria. Ele mostra que trabalhar pelo outro pode te ajudar muito. Que você ter uma visão que vai além do seu umbigo te alimenta bastante. Ele é um homem que, nessa sociedade que a gente vive, às vezes tão egoísta, tão acelerada, tão apressada, ele é um homem da contramão”, completa.
+ Confira abaixo a entrevista completa que o jornalista e biógrafo Marcel Souto Maior concedeu à equipe do site do Aventuras na História.
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