No auge da guerra Irã-Iraque, o ditador resgatou o passado de Nabucodonosor — registrando seu nome nos tijolos originais
Daniela Bazi e Joseane Pereira Publicado em 08/12/2019, às 06h00
Construída por volta de 2300 a.C., a cidade da Babilônia é o berço da escrita e literatura, além de ser uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo e ter encantado milhares de pessoas com seus jardins suspensos.
Fascinado pela cidade, o ditador iraquiano Saddam Hussein decidiu reconstruí-la no topo das antigas ruínas, gastando milhões de dólares no auge da Guerra do Iraque contra o Irã, como uma forma de homenagear o rei Nabucodonosor — pelo qual Hussein era obcecado.
BABILÔNIA DE SADDAM
Violando qualquer norma de preservação do patrimônio histórico, a construção de um dos três palácios originais sobre suas ruínas foi levada a cabo, mesmo que ninguém soubesse exatamente como eram os antigos edifícios da Babilônia. A réplica, construída em 1986 com grande apoio da população iraquiana, teve um custo total de cinco milhões de dólares.
A ideia era que o palácio estivesse em pé antes do início do primeiro festival de artes da Babilônia, em setembro de 1987. Observando um dos tijolos originais, contendo o nome de Nabucodonosor II e a data de 605 a.C., Hussein ordenou que uma inscrição sua também marcasse a história do local.
Hoje, visitando a Babilônia reconstruída, podemos ler em um de seus tijolos: '' No reinado do vitorioso Saddam Hussein, presidente da República, que Deus o mantenha, o guardião do grande Iraque, renovador de seu renascimento e construtor de sua civilização. A reconstrução da grande cidade da Babilônia foi realizada em 1987''.
BASE MILITAR
Segundo o Ministro da Cultura do Iraque, Abdulamir al-Hamdani, que descreve a cidade como “Babilônia de Saddam”, a construção foi feita de forma errada e sem consultas externas. “O local ficou negligenciado após a invasão do Iraque em 2003, liderada pelos EUA. Mas os danos foram infligidos por soldados americanos e poloneses, que o usaram como base militar".
Atualmente, a Babilônia se encontra aberta para receber turistas do mundo inteiro. Entretanto, 16 anos após a execução de Saddam, a grandiosa construção está completamente abandonada. As paredes dos enormes salões estão pichadas e cacos de vidros quebrados são vistos pelo chão. E os poucos iraquianos que visitam a fortaleza são famílias e grupos de adolescentes que se reúnem nas varandas para fumar narguilé.
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