Fredy era um líder jovem judeu, que salvou a vida de muitas crianças em Theresienstadt e Auschwitz
Vinicius Barbosa, supervisionado por Thiago Lincolins Publicado em 12/04/2021, às 16h58 - Atualizado às 17h18
Alfred (Fredy) Hirsch nasceu em 11 de fevereiro de 1916, em Aachen, Alemanha. Era um excelente atleta e professor de ginástica aos 24 anos, e conselheiro de jovens do movimento juvenil sionista “Maccabee Hatzair”, conforme relembrado pelo site de notícias israelense "Haaretz".
Se tornaria um professor respeitado em Theresienstadt e depois no bloco infantil do "acampamento da família" em Auschwitz - Birkenau.
Com o início do regime de Adolf Hitler, Fredy poderia ter fugido, mas se manteve firme pois já havia iniciado seu trabalho com as crianças e não queria deixá-las, permanecendo na Alemanha.
Diante das leis de Nuremberg (conjunto de leis antissemitas criadas pelo regime nazista) entrando em vigor, em 1935, Hirsch fugiu para a Tchecoslováquia, com o objetivo de se dedicar aos jovens.
Com sua boa reputação e conexões, conseguiu libertar algumas pessoas da morte certa. Foi assim que aproveitou essa tática, principalmente, para retirar crianças e órfãos das listas de deportados.
Ele acreditava que suas boas conexões com os alemães o protegeria de punições, mas foi pego por um guarda tcheco, sendo preso e enviado para o leste em um transporte para Birkenau.
Três transportes foram enviados de Theresienstadt para o acampamento da família em Auschwitz, entre 1943 e 1944.
Embora os recém-chegados a Auschwitz passassem por uma seleção imediata, com 90% sendo enviado diretamente para as câmaras de gás, todos no transporte de setembro, incluindo Hirsch foram transferidos para um campo vazio que acabara de ser construído. Este acampamento era conhecido por todos como Familienlager (“acampamento da família”).
Geralmente, as crianças eram enviadas para a morte ao chegarem a Auschwitz, mas Hirsch conseguiu criar bolha protetora para centenas delas no meio do campo de extermínio.
Fredy garantia o bem estar de seus pupilos, através da higiene, boa alimentação e educação. Também utilizava de sua boa comunicação e boa aparência com os alemães da SS para garantir a qualidade de vida e evitar abusos. É até sabido que o número de mortes sob sua supervisão era menor.
No entanto, isso foi possível até março de 1944, quando os pequenos que haviam chegado seriam assassinados. As tropas alemãs planejavam matar inúmeros judeus tchecos no acampamento da família, com os nazistas tentando camuflar o plano até o último mês. O massacre era inevitável.
Ele sabia que tudo mudaria a partir, então tentaria impedir aquele episódio. Apesar da falta de maiores detalhes, acredita-se que Fredy se recusou a se separar das crianças. E foi assim que sua história ganhou um trágico fim.
Começou a circular o boato de que Hirsch não estava se sentindo bem. Contudo, o que aconteceu naquele dia e as circunstâncias de sua morte permanecem como dúvidas.
Há duas teorias: ao saber da notícia, ele já imaginava que uma revolta sem armas e preparação adequada significaria a morte certa para todas as crianças sob sua proteção, então cometeu suicídio ao engolir pílulas Luminal (fenobarbital).
Mas há outra teoria, baseada no testemunho do sobrevivente de Auschwitz, Ota Kraus, que disse que Hirsch não se matou, mas sim morreu de uma overdose induzida por médicos judeus no campo.
Hirsch havia simplesmente pedido um tranquilizante para se acalmar, mas os médicos, que Mengele prometeu que sairiam com vida, procuraram evitar a rebelião e lhe deram uma dose para fazê-lo dormir. Eles tinham certeza de que uma revolta significaria a morte certa para todos os prisioneiros do campo da família, incluindo a equipe médica.
Outro ponto muito interessante sobre a vida de Fredy é que ele era homossexual. Isso, inclusive, explicaria porque apenas um pequeno número de pessoas conhecem sua história.
Bom, conforme relatado pela revista Attitude, é possível que sua história tenha sido 'engavetada' pelos comunistas que residiam na Tchecoslováquia diante de sua orientação sexual.
A controversa mensagem final de Saddam Hussein
Rasputin: O museu que teria o pênis do conselheiro czarista
Neerja Bhanot: A comissária de bordo que se tornou heroína durante sequestro
Chico da BBC: Francis Hallawell, a voz que imortalizou a participação brasileira durante a guerra na Itália
Agatha Christie odiava detetive Poirot, mesmo assim, guardou sua morte por 30 anos
Wojtek: O urso do Exército polonês que lutou contra nazistas