Xamã, a onça-pintada - Divulgação
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Xamã, a onça-pintada, ganha liberdade na Amazônia após reabilitação

Após dois anos de cuidados, felino resgatado com apenas 8 meses é solto em área preservada do Pará e inicia nova vida na natureza

Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 27/11/2024, às 20h24

Uma história de superação e esperança se concretizou na Amazônia com a soltura de Xamã, um jovem macho de onça-pintada. Resgatado com apenas 8 meses em uma área de desmatamento e incêndio em Sinop, Mato Grosso, o felino passou por um intenso processo de reabilitação sob os cuidados da ONG Onçafari e, após dois anos, foi libertado em uma área preservada de 2 milhões de hectares, na Serra do Cachimbo, no Pará.

Sob a tutela da Onçafari, ele aprendeu a caçar, a se adaptar ao ambiente natural e a desenvolver as habilidades necessárias para sobreviver na selva. Para garantir o sucesso da reintrodução, a organização equipou o animal com uma coleira GPS, que permite monitorar seus movimentos e garantir seu bem-estar.

Momento histórico

A soltura de Xamã foi um momento histórico, pois marcou a primeira reintrodução de um macho de onça-pintada na Amazônia. Segundo Leonardo Sartorello, biólogo e coordenador de reintroduções do Onçafari, soltar um macho é mais desafiador.

"Soltar um macho é sempre um desafio maior, porque, diferentemente das fêmeas, eles correm mais e disputam território com outros machos. Por isso precisamos avaliar sua capacidade e rapidez de caça para realizar a reintrodução", comentou Leonardo ao O Globo.

Durante o período em que esteve sob os cuidados da ONG, a onça ganhou mais de 30 quilos e se mostrou forte e saudável. A soltura foi realizada por meio do método "soft release", que permite que o animal decida o momento de deixar o recinto de reintrodução. Após 12 horas, Xamã finalmente adentrou a floresta, iniciando uma nova etapa de sua vida.

A reintegração de Xamã à natureza é uma vitória para a conservação da fauna brasileira e para a proteção da Amazônia. Segundo Júlia Trevisan, coordenadora de vida silvestre da Proteção Animal Mundial, cada animal silvestre desempenha um papel fundamental na manutenção do equilíbrio ecológico.

"Cada vez que um animal silvestre morre, parte da floresta morre também. Isso porque cada espécie cumpre funções específicas na manutenção do ambiente, seja por meio da dispersão de sementes, polinização ou controle de presas. Outro motivo para celebrar é que a beleza da fauna silvestre reside em ser livre. Se o Xamã não tivesse condições de sobreviver ao ser solto, a outra opção seria viver em cativeiro, o que seria muito triste. A sensação é de dever cumprido", comemora Júlia ao Globo.

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