Plantas antigas encontradas em Tell es-Safi/Gath, em Israel, apontam novos dados sobre práticas culturais e religiosas dos filisteus, que poderiam acreditar na magia e no poder da natureza
Éric Moreira Publicado em 28/02/2024, às 10h44
Escavações recentes em Tell es-Safi/Gath, na região central de Israel, revelaram dois antigos templos onde foram encontradas diversas sementes e plantas antigas. Vale mencionar que essa região, na Bíblia, é identificada como a Gate dos Filisteus, mais conhecida por ser onde viveu o "gigante" Golias.
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As descobertas foram descritas em um artigo publicado no dia 12 de fevereiro na revista Nature. No estudo, foi relatado pelos pesquisadores a reconstrução e análise dos espécimes vegetais, além de serem associados a rituais, cultura e religiosidade dos antigos filisteus.
Vale mencionar também que os filisteus são um povo datado da Idade do Ferro — especificamente entre 1.200 a.C. e 604 a.C. — que, embora sejam bem documentados em alguns aspectos, ainda são desconhecidos em outros, como as próprias práticas e visões religiosas.
Um dos achados mais significativos é a identificação dos primeiros usos rituais de uma série de plantas do Mediterrâneo, como o agnocasto (Vitex agnus-castus), a coroa-de-frade (Glebionis coronaria) e a escabiosa prateada (Lomelosia argentea)", afirma Suembikya Frumin, pesquisadora líder do estudo da Universidade Bar-Ilan, em Israel, em comunicado.
Segundo a especialista, essas plantas podem conectar os filisteus e rituais e mitologias do mediterrâneo, como deuses gregos como Hera (deusa da família e esposa de Zeus), Ártemis (deusa da caça), Deméter (deusa da agricultura) e Asclépio (deus dos doentes).
Além dos gregos, também são apontadas evidências de práticas cerimoniais que conectam os filisteus aos egeus. Isso porque foram encontrados, por exemplo, pesos de tear (utilizados na produção de tecidos) que se relacionam a cultos egeus à deusa Hera.
Também destaca-se a grande presença de plantas com propriedades psicoativas ou medicinais, que mais uma vez seriam utilizadas em atividades de cultos; e o cronograma dos rituais daquela cultura, que valorizavam especialmente o início da primavera.
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"Ao examinar as plantas utilizadas em contextos ritualísticos, conseguimos compreender melhor como os filisteus percebiam e interagiam com o mundo ao redor deles", comenta Ehud Weiss, colíder do estudo. Frumin acrescenta: "O estudo revelou que a religião filisteia se baseava na magia e no poder da natureza, como água corrente e sazonalidade, aspectos que influenciam a vida e a saúde humanas."
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