Uma das refugiadas reclamou que conseguiu apenas o visto humanitário, sem qualquer outro amparo estatal
Isabelly de Lima, sob supervisão de Wallacy Ferrari Publicado em 04/06/2022, às 12h57
Depois de 2 meses e meio no Brasil, a ucraniana Iaroslava Moroz, 44, e sua filha de 18 anos decidiram embarcar no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, neste sábado, 4, com destino à Europa. O destino das duas é a Alemanha, onde esperam e acreditam encontrar mais auxílio como refugiadas, já que, aqui no Brasil, só conseguiram o visto humanitário e nada mais.
Aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) foram enviados para buscar os brasileiros e também ucranianos que desejassem vir para o Brasil, após o presidente Jair Bolsonaro (PL) ter assinado uma ordem executiva que permitia a vinda de ucranianos e apátridas deslocados pela guerra com fim de trabalharem aqui.
Iaroslava foi uma das poucas que decidiu embarcar, pois tinha alguns amigos brasileiros. Apenas 176 vistos temporários para acolhida de ucranianos foram concedidos até agora, pelo Ministério das Relações Exteriores. Já segundo o Ministério da Justiça, foram 194 ucranianos que desembarcaram no país — 137 pediram autorizações de residência, 42 de vistos humanitários com autorização de residência e 15 solicitaram refúgio.
Segundo o Itamaraty, somente 55 brasileiros decidiram retornar ao país, e, ao menos outros 230 conseguiram sair da Ucrânia e ir para países fronteiriços, como a Polônia e a Romênia.
Todos eles são unânimes ao afirmarem que não receberam informações suficientes nem nenhum tipo de auxílio do governo federal, de acordo com uma entrevista feita pela GloboNews. Nem auxílio de moradia, financeiro ou de emprego foram concedidos. Exatamente por isso, muitos querem voltar aos países europeus, para obterem mais ajuda.
Anna Smirnova, 42, linguista russa que tem ajudado ucranianos em São Paulo, afirma que "os refugiados ucranianos chegam no Brasil sem falar português e, muitas vezes, nem inglês, e sentem muita dificuldade com a língua". Ela ainda criou um curso para ensinar português a nativos do leste europeu.
"Alguns são trazidos de maneira centralizada pelas igrejas. Para eles, as igrejas alugam apartamentos e ajudam com toda a burocracia. Mas para quem chega sozinho, não há ajuda do governo brasileiro após receber a autorização de residência. Fazer documentos de acolhida humanitária é rápido, mas depois as pessoas não sabem aonde ir, o que fazer, e a ajuda só vem de outras pessoas ou ONGs", conta a linguista.
Anna é quem está ajudando Iaroslava a embarcar para a Alemanha, onde a ucraniana afirma que receberá do governo cerca de 400 euros por mês, assim como a chance de fazer parte de um programa de busca de vagas de trabalho e moradia temporária. A ucraniana ficou dois meses em Curitiba, onde procurava apoio psicológico para a filha, que entrou em depressão após os horrores da guerra.
"Tem uma grande falta de informação, eu não sei aonde ir para me informar sobre emprego, aonde ir para me informar sobre ajuda médica. E não somente eu, todos os ucranianos", conta a refugiada. Ela ainda comenta que entende os outros refugiados por quererem sair daqui, pois o Brasil não está preparado como os outros países.
Antes da guerra, entre janeiro de 2010 e dezembro de 2021, mais de 3.300 ucranianos registraram residência no país. Quase 2.300 registros de residência foram realizados na região Sudeste, principal destino dos imigrantes ucranianos.
Com cenas inéditas, 'Calígula' volta aos cinemas brasileiros após censura
Jornalista busca evidências de alienígenas em documentário da Netflix
Estudo arqueológico revela câmara funerária na Alemanha
Gladiador 2: Balde de pipoca do filme simula o Coliseu
Túnica atribuída a Alexandre, o Grande divide estudiosos
Quebra-cabeça: Museu Nacional inicia campanha para reconstruir dinossauro