Em entrevista exclusiva ao diretor Ricardo Nauenberg, um dos maiores nomes do Blues fala sobre preconceito racial, a evolução dos direitos civis dos negros e sua trajetória na música
Redação Publicado em 29/06/2021, às 10h02
Filmado em 2004, em São Paulo, durante a turnê de B.B. King (1925 - 2015) pelo Brasil, o documentário inédito 'Black White and Blues', dirigido por Ricardo Nauenberg, será exibido pela primeira vez após 17 anos.
Com seus arquivos desaparecidos, o filme, que acaba de ser recuperado, traz um contundente depoimento de um dos maiores nomes do Blues mundial sobre preconceito racial e sobre a evolução dos direitos civis dos negros.
O filme poderá ser visto, de graça, entre os dias 1° e 4 de julho na plataforma ZYX. Depois deste período, ficará disponível por R$10. No filme, em entrevista inédita, B.B King, um dos músicos mais respeitados e influentes do Blues, criador de um estilo musical único, fala abertamente sobre racismo e sobre o preconceito que sofreu por ser negro, tema bastante atual, que ainda é muito discutido nos dias de hoje.
Ele conta também sua visão sobre as mudanças na vida dos negros norte-americanos ao longo de 60 anos, período em que percorreu os Estados Unidos em turnês difundindo o Blues.
“B.B. King foi testemunha viva da questão dos negros. E esta foi a primeira vez que ele deu um depoimento falando sobre isso, mostrando o seu olhar sobre a questão”, conta o diretor Ricardo Nauenberg.
Com 57 minutos, 'Black White and Blues' é conduzido pela entrevista inédita de B.B.King, cuja voz marcante é mesclada com imagens de arquivo. B.B King conta sobre sua infância na pequena cidade de Indianola, no Mississipi, nos EUA, onde não havia estúdios musicais e cujas cordas de violão eram vendidas na farmácia.
Viveu sozinho dos 9 aos 14 anos, após a morte da mãe e precisou trabalhar na lavoura de algodão para se sustentar. Comprou, com a ajuda do patrão, seu primeiro violão, que na época custava o mesmo valor que ele ganhava em um mês inteiro de trabalho.
No entanto, o mote do filme é mesmo a questão racial. B.B. King conta que antigamente havia dois bebedouros, um para os brancos e outro para os “de cor”, assim como os banheiros, e diz que já apanhou muitas vezes por ter usado o banheiro dos brancos.
Ele conta também sobre sua trajetória na música e relembra a dolorosa vez em que foi vaiado: “Se você é negro e está ligado ao blues, é como se fosse negro duas vezes”, disse ele, que respondeu ao público cantando a música “Sweet Sexteen”, que diz: “Trate-me mal, mas eu vou continuar te amando da mesma forma”.
Ao longo do filme, uma narração contextualiza historicamente o período e a luta dos negros norte-americanos, desde o início, nos anos 1950, passando pelo assassinato de Emmett Till, de 14 anos, em 1955, e pela marcha que reuniu 200 mil pessoas em frente ao Lincoln Memorial, em Washington, em 1963, onde Martin Luther King proferiu seu mais famoso discurso, chegando até ao assassinato do ativista, em 1968.
O Blues foi um dos grandes responsáveis pela aceitação dos negros na sociedade norte-americana, principalmente a partir dos anos 1960. “Nós descobrimos que muitas pessoas que dificilmente falavam com os negros nas ruas vinham vê-los tocar nos festivais”, ressalta B.B. King, enfatizando o Blues como um passaporte para a mudança.
B.B. King cita a entrevista como um exemplo das transformações ocorridas nos últimos anos: “Antigamente, ninguém queria me ouvir, o que eu tinha para dizer. Hoje vocês tomaram um tempo para vir até aqui e conversar comigo. E eu queria agradecer por vocês terem feito isso”, disse ele, que aprovou o filme na época e pediu que ele fosse exibido no B.B. King Museum, museu sobre sua trajetória, que estava sendo criado na época, e que existe até hoje em sua cidade natal, nos EUA.
Riley Ben King (Itta Bena, 1925 – Las Vegas, 2015), mais conhecido como B. B. King é considerado um dos mais geniais guitarristas de todos os tempos e, segundo a revista norte-americana Rolling Stone, um dos melhores guitarristas do mundo, ao lado de Eric Clapton e Jimi Hendrix.
Com 16 prêmios Grammy, mais de 50 discos e quase 60 anos de carreira, B.B King criou um estilo único, que fez dele um dos músicos mais respeitados e influentes de Blues. O seu primeiro grande sucesso foi nos anos 1950 com “Three o'clock blues”.
Diversos outros sucessos do astro marcaram época, como “The thrill is gone”, “When love comes to town”, “Payin’ the cost to be the boss”, “How blue can you get”, “Everyday I have the blues”, “Why I sing the blues”, “You don't know me”, “Please love me” e “You upset me baby”.
A plataforma ZYX traz as melhores fontes de entretenimento, além de canais temáticos de produção própria. Separado por assunto, o conteúdo pode ser acessado com um clique, de acordo com o interesse do espectador — cinema, teatro, livros, shows, etc. Os canais por assinatura oferecem uma programação exclusiva, em primeira mão.
A plataforma abriga, ainda, a ZYX Photo Art Gallery, que surgiu a partir de uma tendência mundial, trazida pela revolução digital, que impactou diversos setores, incluindo o mundo das artes. Exposições on-line ampliam as informações sobre os artistas e as obras.
Serviço: Black White and Blues
Lançamento: 1° de julho de 2021
Plataforma Digital ZYX: www.zyx.solutions
Gratuito de 1° a 4 de julho de 2021
Após: R$10
Ficha técnica:
Direção: Ricardo Nauenberg
Produção: Indústria Imaginária
Duração: 57 minutos
Ano: 2004
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