Imagem ilustrativa de uma falha oceânica. É possível identificá-la pelo zigue-zague. - Wikimedia Commons
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Raríssimo ‌“terremoto‌ ‌bumerangue”‌ ‌é‌ ‌registrado‌ ‌por‌ ‌especialistas‌ ‌

Rastreado pela primeira vez, o episódio surpreendeu os pesquisadores, que o registraram acidentalmente

Ingredi Brunato Publicado em 18/08/2020, às 15h29

Um‌ ‌estudo‌ ‌publicado‌ ‌recentemente‌ ‌na‌ ‌revista‌ ‌Nature‌ ‌Geoscience‌ ‌relata‌ ‌sobre‌ ‌o‌ ‌terremoto‌ ‌ocorrido‌ ‌em‌ ‌2016‌ ‌em‌ ‌uma‌ ‌falha‌ ‌do‌ Oceano‌ ‌Atlântico,‌ ‌cuja‌ ‌atividade‌ ‌sísmica‌ ‌teria‌ ‌se‌ ‌afastado‌ ‌do‌ ‌epicentro‌ ‌na‌ ‌direção‌ ‌leste,‌ ‌e‌ ‌então‌ ‌parecido‌ ‌ricochetear‌ ‌de‌ ‌volta‌ ‌para‌ ‌oeste.‌

A‌ ‌equipe‌ ‌de‌ ‌geofísicos‌ ‌realizava ‌‌outro‌ ‌projeto‌ ‌de‌ ‌pesquisa‌ ‌na‌ ‌área,‌ ‌quando‌ ‌acabaou ‌registrando‌ ‌a‌ ‌atividade‌ ‌sísmica‌ ‌acidentalmente.‌ ‌Os‌ ‌terremotos‌ ‌dessa‌ ‌falha‌ ‌oceânica‌ ‌ocorrem‌ ‌com‌ ‌relativa‌ ‌frequência:‌ ‌têm‌ ‌entre‌ ‌20‌ ‌e‌ ‌50‌ ‌anos‌ ‌de‌ ‌diferença.‌ ‌Este‌ ‌durou‌ ‌apenas‌ ‌dez‌ ‌segundos,‌ ‌mas‌ ‌seu‌ ‌estilo‌ ‌“bumerangue”‌ ‌foi‌ ‌o‌ ‌suficiente‌ ‌para‌ ‌desafiar‌ ‌o‌ ‌que‌ ‌a‌ ‌comunidade‌ ‌científica‌ ‌sabia‌ ‌até‌ ‌então.‌ ‌ ‌

O‌ ‌evento‌ ‌ocorreu‌ ‌na‌ ‌zona‌ ‌de‌ ‌fratura de ‌Romanche,‌ ‌que‌ se trata ‌de‌ ‌uma‌ ‌falha‌ ‌horizontal,‌ sendo ‌gerada‌ ‌diante do‌ ‌afastamento‌ ‌das‌ ‌placas‌ ‌tectônicas‌ ‌ao‌ ‌invés‌ ‌de‌ ‌uma‌ ‌colisão.‌ ‌Falhas‌ ‌horizontais‌ ‌no‌ ‌assoalho‌ ‌oceânico‌ ‌não‌ ‌são‌ ‌tão‌ ‌problemáticas‌ ‌quanto‌ ‌as‌ ‌verticais‌ ‌por‌ ‌não‌ ‌causarem‌ ‌tsunamis‌ ‌quando‌ ‌passam‌ ‌por‌ ‌terremotos.‌ ‌ ‌

"Talvez‌ ‌ainda‌ ‌tivesse‌ ‌essa‌ ‌energia‌ ‌reprimida,‌ ‌mas‌ ‌não‌ ‌pudesse‌ ‌ir‌ ‌mais‌ ‌para‌ ‌o‌ ‌leste",‌ especula‌ ‌o‌ ‌co-autor‌ ‌do‌ ‌estudo,‌ ‌Stephen‌ ‌Hicks,‌ ‌que‌ ‌é‌ ‌sismólogo‌ ‌e‌ ‌pesquisador‌ ‌associado‌ ‌do‌ ‌Imperial‌ ‌College‌ ‌London.‌ ‌ ‌

Fotografia de falha terrestre horizontal de San Andreas, Califórnia. 
 

O‌ ‌estudo‌ ‌também‌ ‌explica‌ ‌que‌ ‌falhas‌ ‌antigas‌ ‌raramente‌ ‌são‌ ‌o‌ ‌resultado‌ ‌de‌ ‌uma‌ ‌fissura‌ única.‌ ‌Diversas‌ ‌fissuras,‌ ‌resultantes‌ ‌de‌ ‌terremotos‌ ‌diferentes,‌ ‌podem‌ ‌sobrepor-se‌ ‌uma‌ ‌à‌ ‌outra,‌ ‌tornando‌ ‌futuras‌ ‌atividades‌ ‌sísmicas‌ ‌mais‌ ‌difíceis‌ ‌de‌ ‌serem‌ ‌previstas.‌ ‌ ‌

Segundo‌ ‌Hicks,‌ ‌cada‌ ‌terremoto‌ ‌analisado‌ ‌surpreende‌ ‌os‌ ‌cientistas‌ ‌de‌ ‌alguma‌ ‌maneira,‌ ‌e‌ ‌o‌ ‌que‌ ‌exatamente‌ ‌acontece‌ ‌em‌ ‌falhas‌ ‌oceânicas‌ ‌ou‌ ‌terrestres‌ ‌durante‌ ‌um‌ ‌terremoto‌ ‌por‌ ‌enquanto‌ ‌prossegue‌ ‌sendo‌ ‌um‌ ‌mistério.‌ ‌ 

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