Festival de cinema da Penitenciária Estadual de San Quentin conta com produções feitas pelos próprios detentos, que serão avaliadas por artistas do ramo
Giovanna Gomes Publicado em 09/10/2024, às 10h44
Um festival de cinema criado com o objetivo de dar voz às pessoas impactadas pelo sistema carcerário estreará em 10 e 11 de outubro na Penitenciária Estadual de San Quentin, na Califórnia.
O Festival de Cinema de San Quentin é uma iniciativa de Rahsaan Thomas, ex-detento, e da documentarista Cori Thomas, que se conheceram em 2016, quando Cori visitou a prisão para uma pesquisa.
“Rahsaan foi uma das primeiras pessoas que conheci lá e ele realmente mudou toda a minha noção do que era a prisão. Entrei com expectativas muito baixas sobre o tipo de pessoas que encontraria e saí me sentindo muito envergonhada por ter julgado todo um grupo de pessoas”, contou Cori à Variety.
O projeto, segundo informações do portal Rolling Stone, é apoiado pelo centro de mídia da penitenciária, que oferece recursos como câmeras, equipamentos de som e programas de edição, essenciais para o podcast “Ear Hustle”, apresentado por Rahsaan e finalista do Prêmio Pulitzer. Segundo ele, a iniciativa transformou sua vida:
Antes dessas oportunidades, eu estava limitado ao que é possível fazer na prisão: cortar cabelo por comida. Eu estava limitado a besteiras. Eu ganhava US$ 36 por mês. Com o podcast, eu recebi US$ 5.000. Foi a primeira vez que ganhei dinheiro de verdade para cuidar dos meus filhos.”
Inspirada pelo talento dos detentos, Cori começou a revisar roteiros escritos por eles e sugeriu, de modo descontraído, a ideia de um festival. Rahsaan levou a sugestão a sério, e a dupla se uniu para tornar o projeto uma realidade.
A pandemia atrasou os planos, mas, após a libertação de Rahsaan em 2023, ele e Cori conseguiram apoio de organizações e da indústria de entretenimento, convidando nomes como Mary-Louise Parker, Jeffrey Wright e Kathy Najimy para o júri.
O festival apresenta duas categorias: uma dedicada a produções de pessoas encarceradas ou ex-detentas, julgadas por membros da indústria, e outra voltada a filmes de pessoas sem histórico criminal, que serão avaliados por detentos. Essa estrutura busca valorizar a perspectiva dos detentos como especialistas na vivência carcerária.
O festival também visa promover oportunidades para os presos, oferecendo caminhos para uma vida fora do crime. A experiência do centro de mídia de San Quentin tem mostrado resultados positivos: nenhum dos envolvidos reincidiu.
Após a edição inicial, os organizadores planejam expandir o festival a outras prisões, para dar espaço a produções carcerárias em nível global. “Superamos a quantidade de pessoas que nós tinhamos combinado com os responsáveis pela prisão", disse Rahsaan. "Hoje temos pessoas perguntando: ‘Posso entrar? Posso entrar?’ Nunca vi tantas pessoas quererem ir para a prisão antes.”
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