Sepultura do século 10 encontrada na Bacia dos Cárpatos, na Hungria, é a primeira descoberta de mulher enterrada com armas de sua época; confira!
Éric Moreira Publicado em 06/01/2025, às 12h59
Recentemente, arqueólogos da Hungria identificaram uma sepultura do século 10 encontrada na Bacia dos Cárpatos que se trata da primeira de seu tempo a pertencer a uma mulher enterrada com armas. A descoberta foi publicada na revista científica PLOS ONE, e a pesquisa foi liderada pelo Dr. Balázs Tihanyi, da Universidade de Szeged.
O sepultamento em questão, chamado de Túmulo nº 63 (SH-63), é parte do Cemitério Sárrétudvari–Hízóföld, que foi explorado na década de 1980, no leste da Hungria, que chamou atenção por conter 262 sepulturas do período da Conquista Húngara. Essa época, repercute o Archaeology News, é simbolizada pela migração dos magiares para a Bacia dos Cárpatos, bem como o início de seu poder naquela área da Europa.
Em sua maioria, o cemitério continha sepulturas masculinas mobiliadas com armas e outros apetrechos equestres, enquanto as femininas apresentavam joias e utensílios domésticos. Enquanto isso, o inventário SH-63, mesmo sendo simples, ainda era bastante único: ali havia um anel de cabelo penanular de prata, três botões de sino, um colar de contas, uma ponta de flecha perfurante de armadura, partes de uma aljava de ferro e uma placa de arco de chifre.
Para que fosse determinado o sexo e o estilo de vida da pessoa referente àquela sepultura, foi necessária uma série de análises arqueológicas, antropológicas e genéticas dos restos mortais. Embora os ossos estivessem mal preservados, um estudo do crânio e uma avaliação genética determinaram que aquele indivíduo era do sexo feminino.
Além disso, eram evidentes nos restos esqueléticos sinais de atividade física, incluindo mudanças na morfologia das articulações e múltiplos traumas. Esses indícios, por sua vez, se alinham com os deixados por outros esqueletos de pessoas que praticavam atividades como arco e flecha e equitação.
Ainda assim, não há como afirmar com certeza que a sepultura pertença a uma mulher guerreira. "Os três principais traumas identificados em seus membros superiores provavelmente resultaram de quedas, sugerindo um estilo de vida fisicamente exigente", afirma o Dr. Tihanyi no estudo.
Vale mencionar ainda que outros sepultamentos de mulheres com armas já foram encontrados na região, mas de épocas anteriores, como as eras sármata e ávara. Ainda assim, mesmo essas sepulturas não poderiam ser comprovadamente de guerreiras.
Porém, mesmo que não seja possível confirmar, ainda não é descartada a hipótese. Até porque o período da Conquista Húngara, referente à sepultura do novo estudo, é conhecido principalmente por seus arqueiros montados que moldaram a história da área. Por isso, a descoberta de equipamento de arco e flecha no túmulo de uma mulher leva pesquisadores a questionarem muito do que se sabia sobre gênero e guerra nessa era.
Agora, os especialistas esperam analisar mais túmulos do Cemitério Sárrétudvari–Hízóföld, a fim de descobrir ainda mais detalhes sobre o funcionamento daquela sociedade e de como era o dia a dia das mulheres daquela época.
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