Olivier Lepick concordou com remoção de 39 pedras que podem ter feito parte de funções sagradas e fúnebres
Fabio Previdelli Publicado em 20/06/2023, às 16h09
Em Carnac, na França, um conjunto de 39 pedras está causando uma enorme confusão na cidade. Enquanto o prefeito Olivier Lepick autorizou a retirada delas para a construção de uma loja de ferragens, arqueólogos estão criticando a decisão.
Segundo o Le Monde, a polêmica começou após o pesquisador amador Christian Obeltz se revoltar contra a decisão do prefeito. Acontece que Obeltz defende que o conjunto de pedras pode se tratar de menires, que podem ter pelo menos 7.000 anos. Afinal, a cerca de três quilômetros de distância existem cerca de 3 mil rochas semelhantes que fazem parte de uma zona protegida. O político, no entanto, contesta a ideia:
Não é realmente o tipo de imagem descrita em certos artigos da mídia", rebateu o prefeito à CNN. "Sinto como se tivesse destruído a Mona Lisa quando leio certos artigos."
Lepick alega que obedeceu às regras ao concordar em remover as pedras para construir uma unidade da loja de ferragens Mr. Bricolage. Conforme aponta, ele foi informado que o local foi examinado e é considerado de "baixo valor arqueológico".
A decisão do político, aliás, foi apoiada pela Direção Regional de Assuntos Culturais (DRAC), que supervisiona os sítios arqueológicos da França. Ao Le Monde, o órgão relatou que a área "não está listada entre as zonas consideradas arqueológicas" e que "dado o fato de que a natureza dos restos ainda é incerta (...), danos a um local de valor arqueológico não foi estabelecido".
Ou seja, as pedras podem não ser menires, mas o arqueólogo amador não aceita a decisão e aponta que o sítio nunca foi devidamente avaliado. "Não houve escavações arqueológicas para saber se as pedras eram menires ou não", insistiu Christian Obeltz.
Mas Obeltz não está sozinho nessa. Por conta da decisão, Olivier Lepick chegou a ser nomeado como "o homem mais odiado da França" e foi criticado por vários políticos, entre eles Marine Le Pen — candidata presidencial das últimas eleições. Ela chamou a decisão do prefeito de "deplorável" e disse que o Estado francês "não protege nem nossos cidadãos, nem nosso patrimônio".
Ainda ao Le Monde, a organização patrimonial Koun Breizh também se queixou da medida. "O objetivo desta denúncia não é acusar nenhum membro do Conselho em particular, mas esclarecer o processo decisório que levou a essa destruição, apesar de toda a proteção prevista em lei", explicou o presidente da entidade, Yvon Ollivier.
O objetivo é garantir que eventos como esse nunca mais aconteçam", completou.
Até hoje, muitos mistérios envolvem os menires de Carnac. A comuna é famosa pelas pedras, que se aglomeram ao longa da costa por mais de seis quilômetros. Por fim, o Le Monde relata que pesquisadores acreditam que os monumentos neolíticos de pedra foram usados para "funções sagradas e fúnebres", embora existam outras teorias sobre eles.
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