Pesquisadores da UFPE identificaram dinossauro mais antigo descoberto no nordeste brasileiro - Cortesia / Universidade Federal de Pernambuco
Paleontologia

Pesquisadores concluem que osso de dinossauro é o mais antigo já encontrado no Nordeste

Localizado em Pernambuco, o vestígio pode ajudar a entender separação dos continentes

Éric Moreira, sob supervisão de Wallacy Ferrari Publicado em 02/07/2022, às 14h05

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) descobriu, durante uma escavação realizada em 2019, ossos de um dilofossauro, próxima à cidade de Ibimirim, no sertão do estado. Recentemente, após análise detalhada do fóssil, foi descoberto que se trata da descoberta mais antiga do nordeste brasileiro.

Os ossos — segmentos de vértebras da cauda do dinossauro — foram medidos e comparados com uma ossada de dilofossauro encontrada nos Estados Unidos, o que mostrou grande semelhança. O animal podia ter até mais de 6 metros de comprimento e pesar 750 kg.

Agora, os pesquisadores da UFPE querem voltar ao local e realizar novas escavações, para tentar encontrar novas ossadas que permitam identificar melhor a espécie, ou até mesmo encontrar novos dinossauros, como registrou o portal G1. O sítio arqueológico era um lago no passado, o que diminui a chance de os restos de um animal pudessem ser arrastados.

As características do lugar permitiam a preservação dos fósseis. Então, provavelmente o resto daquele animal está ali. A gente pretende voltar e achar mais pedaços. Mas, para isso, é preciso um trabalho muito exaustivo", explicou Leonardo Marinho, doutorando que identificou o dinossauro, ao G1.
Pesquisadores da UFPE buscam novos fósseis no local / Cortesia/Universidade Federal de Pernambuco

 

Pangeia

O avanço da pesquisa pode provar que o animal encontrado pode pertencer a um grupo raro e primitivo, o qual apenas três fósseis similares foram encontrados no mundo: nos Estados Unidos, na Antártica e na África do Sul. Gelson Fambrini, orientador de Leonardo e especialista em geologia, explica que o dinossauro pode ajudar a entender melhor a dinâmica de divisão dos continentes, na Pangeia.

O rompimento da África com o nosso continente começou no Período Jurássico (de 201,3 milhões a 145 milhões de anos antes de Cristo). A discussão é quando no Jurássico. O fato de que o dinossauro foi encontrado em todos esses locais pode ajudar a entender melhor quando houve essa ruptura", explicou ao G1.

Ao mesm veículo, Leonardo Marinho ainda destacou a importância acadêmica da descoberta, sendo o terceiro dinossauro pernambucano, mas o primeiro em solo pernambucano — mencionando os outros dois, um que se encontra na Alemanha e outro no Rio de Janeiro. O pesquisador ainda reconhece a importância da descoberta para estimular outros jovens a seguirem na área da pesquisa.

Achar um dinossauro no Nordeste, principalmente do Jurássico, dá uma visibilidade enorme para o jovem que está lá no Ensino Médio, vê os filmes de Jurassic Park e se pergunta se poderia estudar isso. É uma luz para a paleontologia. E é um sinal de que é possível fazer uma ciência de boa qualidade no Brasil."
Brasil descoberta Pernambuco sertão notícias pesquisa Paleontologia dinossauro UFPE Ibimirim

Leia também

Com cenas inéditas, 'Calígula' volta aos cinemas brasileiros após censura


Jornalista busca evidências de alienígenas em documentário da Netflix


Estudo arqueológico revela câmara funerária na Alemanha


Gladiador 2: Balde de pipoca do filme simula o Coliseu


Túnica atribuída a Alexandre, o Grande divide estudiosos


Quebra-cabeça: Museu Nacional inicia campanha para reconstruir dinossauro