Marcelo Arruda foi morto pelo bolsonarista Jorge Guaranho enquanto comemorava seu 50º aniversário, em Foz do Iguaçu (PR); festa tinha PT como temática
Redação Publicado em 03/08/2022, às 10h37
O processo que investiga a morte de Marcelo Arruda durante sua festa de aniversário em Foz do Iguaçu, no Paraná, ganhou um novo anexo de uma perícia na última terça-feira, 2. O documento aponta que foi feita uma limpeza no aparelho que guardava as imagens das câmeras de segurança do dia do crime. Sendo assim, não será possível saber quem teve acesso aos dados.
O fato impede que a polícia esclareça algumas perguntas sobre o crime — na ocasião, o guarda municipal Marcelo Arruda comemorava seu 50º ano de vida com uma festa temática do PT quando foi intimado pelo policial penal bolsonarista Jorge Guaranho.
Um dos pontos que as imagens poderiam ajudar a elucidar, segundo repercutido pela Folha de São Paulo, é sobre quem teria mostrado as imagens do evento para Guaranho; o que pode ter sido o estopim para toda a confusão.
A perícia criminal do Paraná aponta, no laudo, que o serviço de gravador remoto estava ativo, mas às 08h57 do dia 11 de julho, cerca de dois dias após o crime, a função “limpar” foi ativa e todos os registros foram excluídos. Desta forma, é impossível dizer se alguém viu as imagens de segurança e tampouco quem teve acesso às mesmas.
Por fim, os investigadores afirmaram que as gravações e imagens do dia do crime que tiveram acesso não foram alteradas. Porém, a polícia criminalística aponta que a leitura labial das pessoas presentes nas imagens não pôde ser realizada.
Em Foz do Iguaçu, uma festa de aniversário terminou em morte. Jorge José da Rocha Guaranho, agente penitenciário e bolsonarista, invadiu a festa de aniversário de Marcelo Arruda e tirou a vida do aniversariante a tiros.
Durante o evento, realizado na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu, Marcelo comemorava a chegada dos 50 anos. Ele era filiado ao Partido dos Trabalhadores e fez uma festa temática do PT, todavia, a comemoração foi interrompida após a chegada de Jorge.
Na festa, que contava com bandeiras, as cores do partido e uma foto do ex-presidente Lula, Jorge entrou armado e disparou contra Marcelo. Em seguida, ele teria revidado e atirado no agente penitenciário. Marcelo deixa uma mulher e quatro filhos.
O boletim de ocorrência descreve que testemunhas disseram que Jorge José da Rocha Guaranho, que estava acompanhado da mulher e do filho, invadiu a festa e aos gritos dizia: 'Aqui é Bolsonaro'. Além disso, vale enfatizar que Marcelo não o conhecia.
Após a invasão, Jorge fora embora e ameaçou os presentes na festa. Ele voltou entre 15 ou 20 minutos depois, sem a esposa e o filho, e estava armado. Embora a esposa de Marcelo tenha se apresentado como policial Civil, o invasor efetuou dois disparos. Diante do pânico da situação, Marcelo revidou ao atirar três vezes contra Jorge. Infelizmente, Marcelo não resistiu aos disparos.
André Alliana, que era amigo de Marcelo, relembrou o episódio ao UOL. Ele conta que os presentes no evento acreditaram que Jorge também era um convidado da festa.
"Achamos que era um convidado, já que também tinha bolsonaristas no local. O Marcelo estava na cozinha e fomos chamá-lo para receber esse homem. Foi aí que vimos que não era brincadeira. Em seguida, ele [Guaranho] deu a volta de carro, xingou quem estava lá e disse que ia voltar para 'acabar' com todo mundo. O Marcelo estava com um copo de chope na mão e acabou jogando nele para expulsá-lo do local", disse André.
Depois, André disse ao veículo que Jorge voltou desacompanhado e começou a atirar, apesar da tentativa de impedir a sua entrada no local.
Quinze minutos depois, o cara [Guaranho] voltou sozinho. A esposa do Marcelo, que é policial civil, tentou impedir que ele entrasse na festa. Nisso, o cara começou a atirar. Atingiu o Marcelo na perna e no peito. O Marcelo também conseguiu atirar nele", explicou.
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