Durante obras de renovação, pesquisadores encontraram peças de xadrez desenhadas à mão em "bom estado de preservação", apesar de terem 80 anos
Fabio Previdelli Publicado em 01/07/2024, às 11h02
Durante recentes obras de renovação, uma descoberta extraordinária foi feita sob o assoalho de um bloco de prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz: 35 peças de xadrez feitas à mão e bem preservadas.
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Os responsáveis pela reforma, do Museu Estatal de Auschwitz-Birkenau, na Polônia, encontraram o conjunto incompleto no primeiro andar da prisão do bloco 8, escondido sob uma tábua do assoalho para evitar a detecção dos brutais guardas nazistas que patrulhavam as celas.
Elżbieta Cajzer, a chefe das coleções do Museu de Auschwitz, disse em entrevista ao portal News, da Austrália, que as peças de xadrez desenhadas à mão estavam em "bom estado de preservação", apesar de terem 80 anos.
Cajzer disse que as peças dão ao mundo uma visão da vida diária dos prisioneiros no campo de concentração mais mortífero da Europa durante o Holocausto. "Vários desenhos podem estar um pouco borrados, mas as imagens de torres, peões, bispos e cavalos ainda são facilmente distinguíveis".
No entanto, o conjunto está incompleto e algumas cartas não têm mais vestígios do desenho", acrescentou.
O chefe do museu explicou que as peças foram feitas em papelão, o que as tornam ideais para serem escondidas rapidamente dos guardas e até mesmo emprestadas para outras pessoas que quisessem jogar.
"Presumimos que o foco não estava nas qualidades estéticas, mas na funcionalidade, fácil portabilidade e ocultação rápida", disse Cajzer, ainda ao News.
Apesar dos riscos, Cajzer disse que muitos prisioneiros encontrariam maneiras de colocar as mãos em pedaços de papelão, madeira ou até mesmo migalhas de pão para construir peças de xadrez ou cartas para passar o tempo.
"Os prisioneiros do campo tratavam as atividades mentais como um descanso da realidade brutal do campo. Os itens necessários para o jogo eram, na maioria das vezes, produzidos ilegalmente pelos prisioneiros", acrescentou.
Sobrevivente que trabalhava como almoxarife na carpintaria de Auschwitz, Jan Dziopek revelou que ele mesmo que fabricou as peças de xadrez e as guardou dentro de um sótão secreto.
Dziopek explicou que os próprios oficiais nazistas ordenaram que ele criasse as peças para serem usadas apenas pelos guardas. Mas conforme a produção acontecia, Jan aponta que ele construía secretamente conjuntos para entrar secretamente nos blocos dos prisioneiros.
"Recebi muitas ordens, até mesmo de homens da SS. No entanto, estava relutante em cumpri-las", disse ele ao portal australiano "No entanto, tive de cumprir as suas ordens porque, sob o pretexto de trabalhar para eles, pude cumprir os pedidos dos meus colegas, que me pagavam com rações de pão ou sopa do acampamento".
Meus colegas de cozinha e de vários armazéns compraram esses itens de mim, pois não tiveram dificuldade em obter alimentos", acrescentou.
Jan Dziopek, porém, finaliza explicando que nem sempre seu trabalho escapava impune dos nazistas, visto que ele relatou receber chicotadas sempre que seu trabalho era descoberto. "Não vou entrar em detalhes sobre o número de vezes e quantas chicotadas recebi por isso", finalizou.
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