No local de culto pré-histórico, que tem 7.000 anos, foram encontrados 260 fragmentos de crânios e chifres de animais
Luisa Alves, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 20/03/2023, às 15h15 - Atualizado às 19h11
Dentro de um monumento do deserto de 7.000 anos, arqueólogos da Arábia Saudita descobriram restos humanos antigos enterrados próximos a centenas de ossos de animais espalhados. O local era utilizado por um culto pré-histórico.
Essa ruína é uma das mais de 1.600 mustatils — estrutura que leva o nome da palavra árabe para retângulo — descobertas na Arábia Saudita, desde 1970. No local, foram encontrados os restos mortais de um homem de aproximadamente 30 anos.
Esse mustatil está localizado a 55 quilômetros a leste da antiga cidade de AlUla. Construído utilizando arenito local, ele tem 140 m. Os pesquisadores encontraram 260 fragmentos de crânios e chifres de animais em torno da beytl, uma grande pedra vertical. Esses pedaços de ossos são, especialmente, de gado domesticado.
Os pesquisadores disseram, no entanto, que alguns fragmentos pertenciam a cabras domesticadas, gazelas e pequenos ruminantes, como repercutido pela LiveScience. Eles encontraram também, imediatamente ao norte da cabeça do mustatil, uma cist — tipo de câmara funerária construída durante o Neolítico e as idades do Bronze na Europa e no Oriente Médio.
Os construtores dos mustatils eram membros de um culto desconhecido. Eles provavelmente se uniram para sacrificar seu gado a deuses desconhecidos, a fim de proteger sua terra que foi transformada lentamente em deserto por uma mudança climática.
De acordo com Melissa Kennedy, principal autora do estudo publicado em 15 de março na revista PLOS One, à fonte, esses membros dos cultos potencialmente se banqueteavam com o resto dos restos mortais, enquanto ofereciam os chifres e as partes superiores do crânio a uma divindade.
"Pensamos que provavelmente [o abate] ocorreu no local, pois os chifres, principalmente os a queratina — que se degrada muito rapidamente — estavam em tão boas condições. Isso sugere que provavelmente houve apenas um curto período de tempo antes da remoção dos chifres e sua oferta no mustatil", explicou Kennedy.
Conforme revelado pela análise dos ossos enterrados pertencentes ao homem, ele tinha entre 30 ou 40 anos, quando faleceu. Ele, provavelmente, tinha osteoartrite, uma doença articular degenerativa.
O homem foi enterrado 400 anos depois que os animais foram abatidos, como mostrou a datação por radiocarbono dos ossos humanos e animais. Essa descoberta é um sinal de que os mustatils eram locais de peregrinações repetidas.
“Nossa hipótese é que os locais mustatil mantiveram sua importância mesmo depois que seu uso cessou e que as gerações posteriores enterrariam seus mortos nesses locais como uma forma de afirmar a propriedade sobre essas estruturas, reivindicando essencialmente uma ligação com o passado", explicou Kennedy.
O motivo das cerimônias dos mustatils ainda é um enigma. Os pesquisadores, agora, testam hipóteses mapeando geograficamente a localização próxima de mustatils a terras pastoris, rios e lagos pré-históricos. A investigação pode revelar as conexões entre antigas práticas religiosas e a crise climática primitiva da região.
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