A tartaruga possui uma carapaça média de 1,80 m e a interação com humanos ainda é motivo de debate entre pesquisadores
Isabelly de Lima Publicado em 13/03/2024, às 08h56
Os primeiros humanos que exploraram a Amazônia podem ter encontrado uma tartaruga extraordinária nos grandes rios da região: uma espécie com uma carapaça média de cerca de 1,80 m. A descoberta da Peltocephalus maturin foi anunciada nesta quarta, 13, por uma equipe internacional de cientistas.
Esta tartaruga gigante foi provavelmente a última de seu tipo na Amazônia, desaparecendo no final do Pleistoceno, durante a Era do Gelo. A possibilidade de interação entre essa tartaruga e os humanos ainda está sendo debatida.
O que parece certo é que essa espécie de supercágado existiu há menos de 40 mil anos, com base na idade dos sedimentos onde o fóssil foi encontrado — em uma área de garimpo de ouro no rio Madeira, em Rondônia.
Os restos do animal, por enquanto, consistem apenas em um pedaço da mandíbula encontrada pelos garimpeiros, o que torna incerta a posição exata do fóssil nas camadas de sedimentos e, portanto, sua idade.
A parte mais baixa das camadas do garimpo contém restos de madeira carbonizada com datação entre 46 mil e 21 mil anos atrás. Por outro lado, uma datação direta do osso produziu idades entre 14 mil e 9.000 anos atrás.
Essas idades mais recentes coincidiriam com a chegada dos ancestrais dos povos indígenas à região amazônica. No entanto, o estado de preservação do fóssil e as condições ambientais locais podem ter influenciado os resultados, tornando a amostra aparentemente mais jovem do que realmente é.
A espécie descrita no artigo da revista especializada Biology Letters é uma adição impressionante à fauna brasileira da Era do Gelo. O tamanho do animal foi estimado com base no fragmento da mandíbula, que tem quase 30 cm. Detalhes anatômicos indicam que o animal pertence ao gênero Peltocephalus.
Os pesquisadores decidiram nomear a tartaruga em homenagem a personagens fictícios. A P. maturin, que atingia quase 2 m, tinha uma dentição sugestiva de uma dieta onívora, diferente de suas parentes atuais na Amazônia, que são principalmente herbívoras.
Os pesquisadores também especulam sobre uma possível relação entre a extinção da P. maturin e a chegada dos seres humanos à Amazônia, uma vez que a extinção de tartarugas de grande porte coincidiu com a expansão da nossa espécie pelo planeta.
Segundo a Folha de S. Paulo, no entanto, não há evidências diretas de interação entre os ancestrais dos indígenas e o supercágado, ou mesmo de que os humanos tenham consumido esse animal.
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