Análise genética mostrou a real descendência das pessoas encontradas no interior da China
Isabela Barreiros Publicado em 28/10/2021, às 14h12
Múmias de aparência física “ocidental” vêm intrigando pesquisadores desde sua descoberta na década de 1990, na região da Bacia de Tarim, em Xinjiang, na China. Ao longo dos anos, uma série de hipóteses sobre a origem desses indivíduos foi desenvolvida, mas nenhuma chegou a ser conclusiva.
Agora, uma equipe internacional de cientistas da China, Coreia do Sul, Estados Unidos e Alemanha, que fez uma análise genética de algumas das primeiras múmias descobertas no local, comparada a cinco indivíduos encontrados em uma bacia vizinha, afirma ter descoberto a origem do enigmático povo.
Foram analisados treze corpos mumificados de Tarim, que datam de cerca de 2.100 a 1.700 a.C., e cinco da bacia de Dzungarian, que remontam ao período entre 3.000 a 2.800 a.C. Os resultados da pesquisa foram publicados na última quarta-feira, 27, na revista científica Nature, segundo o g1.
Quando foram encontradas, as múmias surpreenderam por apresentarem características que não condiziam com a região em que viviam. A aparência “ocidental”, as roupas de lã e o fato de sua atividade principal ser a pastoril, envolvendo criação de gado, ovelhas e cabras, confundiu os especialistas.
De acordo com o novo estudo, as múmias de Tarim teriam sido descendentes diretos de uma população local que quase desapareceu durante o fim da última Idade do Gelo, conhecida como Antigos Eurasianos do Norte (ANE, sigla em inglês). Os indivíduos eram nativos da região, ao contrário do que muitas teorias sugeriam.
“Os arqueogeneticistas há muito procuram por populações de ANE do Holoceno para compreender melhor a história genética da Eurásia interior. Encontramos no lugar mais inesperado”, afirmou Choongwon Jeong, um dos autores do estudo, da Universidade Nacional de Seul.
A pesquisa apontou ainda que o povo não apresentava nenhuma mistura genética com outras populações de sua época, formando um grupo isolado que ainda não era conhecido. Ainda assim, a cultura deles não apresentava nenhum isolamento: eles bebiam de diferentes fontes culturais e tecnológicas.
“Apesar de serem geneticamente isolados, os povos da Idade do Bronze da Bacia do Tarim eram notavelmente cosmopolitas do ponto de vista cultural — eles construíram sua culinária em torno de trigo e laticínios do oeste da Ásia, painço do leste da Ásia e plantas medicinais como a ephedra, da Ásia Central ”, explicou Christina Warinner, pesquisadora da Universidade Harvard que também escreveu o artigo.
“Reconstruir as origens das múmias da Bacia do Tarim teve um efeito transformador em nossa compreensão da região, e continuaremos o estudo de genomas humanos antigos em outras eras para obter uma compreensão mais profunda da história da migração humana nas estepes da Eurásia”, concluiu Yinquiu Cui, cientista da Universidade de Jilin envolvido na pesquisa.
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