Decisão foi proferida pela Justiça londrina no início da semana
Fabio Previdelli Publicado em 27/01/2022, às 16h09
Na última segunda-feira, 24, uma ativista britânica ganhou na Justiça londrina o direito de receber uma indenização de 229 mil libras (cerca de R$1,7 milhão) após descobrir ter tido um relacionamento com um espião infiltrado — o agente tinha a missão de investigar ela e o grupo do qual fazia parte.
Os responsáveis por julgar o caso concordaram que a operação violou os direitos humanos da vítima, Kate Wilson. Além dela, outras 11 mulheres teriam sido vítimas de atos semelhantes, entretanto, Kate foi a única que chegou tão longe no processo.
Conforme explica a Folha, a ativista conheceu Mark Kennedy, o policial disfarçado, em 2003, na cidade de Nottingham. Se passando por um ativista ambiental, o espião se relacionou com mulher até 2005, quando Wilson se mudou para a Espanha.
A mulher só descobriu sua verdadeira identidade cinco anos depois. Foi então que ela abriu uma ação contra o Estado, afirmando que havia sido enganada pelo sujeito — que além do mais era casado. Kennedy teria atuado infiltrado em grupos ambientalistas por sete anos.
De acordo com apuração da BBC, o agente teria se envolvido sexualmente com até dez mulheres ao longo desse período. A operação da polícia secreta britânica teria espionado, entre 1970 e 2010, mais de mil grupos políticos — sendo a maioria deles com ligações esquerdistas.
Por conta disso tudo, os três juízes responsáveis pelo caso entenderam que os oficiais superiores tiveram responsabilidade na espionagem. "Ou sabiam do relacionamento ou optaram por não saber de sua existência ou foram incompetentes e negligentes em não acompanhar os óbvios e claros sinais [do relacionamento]", destacou o The Guardian.
No ano passado, em setembro, a Justiça já tinha dado sinais de que apoiaria o pedido de Kate ao concluir que ela não havia sido enganada apenas por um "policial renegado que se aproveitou de sua missão secreta", mas que ele também recebeu autorizações tidas como "falhas".
Um dia após a decisão, a vítima disse à imprensa do país que "a descoberta de que essas operações violaram os direitos à liberdade de expressão equivale a um reconhecimento muito atrasado de que espionar grupos de ativistas é policiamento político e não tem lugar em uma sociedade democrática".
É importante, porque vai além do escândalo de policiais disfarçados enganando mulheres para relacionamentos íntimos. A violação de nossos direitos políticos foi a razão para essas mobilizações, e milhares de pessoas tiveram seus direitos políticos violados dessa maneira", completou.
A ação de policiais infiltrados vem sendo alvo de investigações desde 2014, quando um inquérito público foi criado. Sob liderança de um juiz aposentado, uma nova rodada de audiências deve ocorrer em maio.
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