Mel Mermelstein, que tinha 95 anos, faleceu na última sexta-feira, 28; ele foi levado à Auschwitz quando tinha 17, em 1944
Fabio Previdelli Publicado em 03/02/2022, às 10h43
Na última sexta-feira, 28, morreu o judeu Mel Mermelstein, de 95 anos. Sobrevivente do Holocausto, Mermelstein ficou conhecido depois que venceu judicialmente, no anos 1980, um processo contra negacionistas.
Segundo sua filha, Mel faleceu em decorrência de complicações da Covid-19. Ele morava no estado americano da Califórnia. Mermelstein, que nasceu em Mukachevo, uma antiga cidade da Tchecoslováquia, hoje território ucraniano, foi preso junto aos seus familiares em 1944, quando tinha apenas 17 anos — no período em que os nazistas invadiram a Hungria.
Levado à Auschwitz, na Polônia ocupada pelo Terceiro Reich, o judeu foi o único sobrevivente da família: sua mãe e suas irmãs morreram em câmaras de gás e seu pai e os irmãos foram víitmas da fome, aponta o The Washington Post.
Após a Libertação de Auschwitz, em 27 de janeiro de 1945, ele foi levado para a Alemanha — Mel pesava cerca de 31 quilos e estava com tifo. Ele emigrou para os Estados Unidos no ano seguinte e chegou a servir na Guerra da Coreia, em 1950.
No final da década de 1970, Mel Mermelstein ficou conhecido por vencer um processo judicial contra um grupo revisionista chamado Instituto de Revisão Histórica, que questionava a existência do Holocausto, descrito por eles como uma mentira criada para justificar a criação do Estado de Israel.
Durante uma convenção do grupo, em 1979, eles ofereceram 50 mil dólares para quem fosse capaz de provar as barbaridades cometidas pelos nazistas nos campos de concentração.
Mermelstein expôs aos periódicos a proposta recebida. Como resposta, o Instituto de Revisão Histórica afirmou que o judeu tantava escapar de um diálogo e disse que a famílai de Mel estava viva, mas vivia sob nomes falso em Israel, relata o NYT.
Para provar as atrocidades nazistas, ele usou como prova uma cópia de seu livro de memória "By Bread Alone: The Story of A-4685". Ao não receber os 50 mil, ele processou o grupo e ainda pediu uma indenização de 17 milhões de dólares por quebra de contrato, difamação, danos morais e injúria por negação de fato estabelecido.
A Justiça de Los Angeles deu ganha de causa ao judeu em 1981. "Este tribunal reconhece judicialmente o fato de que os judeus foram mortos com gás no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, durante o verão de 1944. Isso não está em questão [...] É simplesmente um fato", declarou o juiz. Ele recebeu os 50 mil do prêmio e mais 40 mil da indenização. O grupo, pouco depois, também reconheceu publicamente o genocídio em Auschwitz.
Entretanto, a história não terminou aí. Em 1986, Mel Mermelstein também venceu um processo jurídico de US$5,25 milhões contra um sueco que fazia parte do instituto. O sujeito não só recusou pagá-lo como passou a persegui-lo, lhe enviando cartas com o que seria restos de cabelos das vítimas das câmaras de gás.
Com cenas inéditas, 'Calígula' volta aos cinemas brasileiros após censura
Jornalista busca evidências de alienígenas em documentário da Netflix
Estudo arqueológico revela câmara funerária na Alemanha
Gladiador 2: Balde de pipoca do filme simula o Coliseu
Túnica atribuída a Alexandre, o Grande divide estudiosos
Quebra-cabeça: Museu Nacional inicia campanha para reconstruir dinossauro