Poeta norte-americano celebrou o legado do escritor brasileiro com cinco poemas na 'The New Yorker', gerando nova onda de admiração internacional
Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Giovanna Gomes Publicado em 21/11/2024, às 14h53
O gênio literário de Machado de Assis continua a transcender fronteiras e conquistar corações ao redor do mundo. Desta vez, foi a vez da renomada revista norte-americana 'The New Yorker' render uma homenagem especial ao escritor brasileiro. Em um gesto que celebra o legado de Machado, o poeta David Lehman dedicou cinco poemas à obra do autor carioca, publicados na última segunda-feira, dia 18.
Com títulos como 'A Interrupção', 'Uma Errata Pensante' e 'Dois Bêbados', os poemas de Lehman exploram a narrativa machadiana, seu humor peculiar e a profundidade de sua obra. Em 'Por Causa do Erro', por exemplo: "O capítulo anterior / deve ser excluído / por causa do erro / oculto na última estrofe / e a probabilidade / de um futuro bibliófilo / que dedique sua carreira / a Machado de Assis / e passa horas, dias, semanas, / estudando cada frase / de O Alienista / e Dom Casmurro / procurando em vão / por esse erro".
A referência a 'Memórias Póstumas de Brás Cubas' também está presente em 'Dois Bêbados': "Um romance é um espelho / caminhando pela estrada, / a narrativa é direta, / o estilo é direto. / Mas a história de Machado / e seu estilo são de dois / bêbados vacilando / de um lado para o outro, / rindo de piadas sem graça, / levantando os punhos, / em uma distração episódica / da eternidade. É melhor cair / de uma nuvem do que de / uma janela do terceiro andar".
A admiração do britânico por Machado de Assis se insere em um contexto mais amplo de reconhecimento internacional do autor. Nos últimos anos, a obra do escritor tem sido redescoberta e celebrada por leitores e críticos de diversos países.
Em 2020, uma nova tradução de 'Memórias Póstumas de Brás Cubas' para o inglês reacendeu o interesse pela obra do escritor brasileiro, gerando críticas entusiasmadas de grandes nomes da literatura, como Dave Eggers, autor de 'O Círculo'.
"Há muito esquecido pela maioria, é um dos livros mais espirituosos, mais divertidos e, portanto, mais vivos e eternos já escritos", disse Eggers em crítica na revista 'The New Yorker.
Segundo o 'Estadão', outros autores renomados, como Maya Angelou, Salman Rushdie e Woody Allen, já demonstraram sua admiração por Machado de Assis em diversas ocasiões, destacando a influência de sua obra em suas próprias criações.
A tiktoker Courtney Henning Novak também contribuiu para popularizar Machado de Assis ao redor do mundo, após compartilhar sua paixão por 'Memórias Póstumas de Brás Cubas' em um vídeo viral. A jovem americana se encantou com a obra e a cultura brasileira, visitando o país e participando de eventos literários.
"Por que vocês não me avisaram que era o melhor livro já escrito?", disse a americana no vídeo.
A homenagem de David Lehman em 'The New Yorker' é mais uma prova de que a obra de Machado de Assis continua a ser relevante e inspiradora para novas gerações de leitores. Ao comparar o escritor brasileiro a grandes nomes da literatura mundial, como Nikolai Gogol, Edgar Allan Poe e Jorge Luis Borges, a crítica literária Parul Sehgal destaca a universalidade e a atualidade da obra machadiana.
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