Pingentes descobertos em sepulturas dentro de lago na Rússia podem revelar detalhes sobre crença antiga
Redação Publicado em 06/07/2022, às 11h19 - Atualizado em 09/07/2022, às 08h00
Cientistas da Universidade de Helsinque, na Finlândia, analisaram pingentes feitos de ossos descobertos em algumas das 177 sepulturas identificadas no Lago Onega, na Rússia, durante escavações realizadas na década de 1930.
Após usarem a técnica de zooarqueologia por espectrometria de massa, perceberam que 12 das 37 amostras exumadas eram humanas; em um estudo anterior, os mesmos itens haviam sido classificados como ossos de animais.
Além dos fragmentos humanos — que consistem em flocos de ossos longos quebrados em tamanhos variados, com um ou dois sulcos — os pingentes eram formados por ossos de animais, incluindo alces e um bovino.
Segundo o estudo que descreve a descoberta, publicado no periódico científico Journal of Archaeological Science, as joias foram encontradas dentro de três túmulos que datam da Idade da Pedra, onde estavam enterrados dois indivíduos ao lado de mais dois pingentes feitos de dentes e de ossos de animais.
O uso de ossos humanos para fabricar objetos é conhecido em regiões como Ásia e América do Sul, mas quase nunca durante a pré-história. Os pesquisadores destacaram ainda que parte dos corpos de membros da família poderiam ter sido usadas em pingentes como respeito, ou os fragmentos humanos podem estar associados, ainda, ao canibalismo.
No entanto, a hipótese do canibalismo é descartada pela líder do projeto, Kristiina Mannermaa, para o caso dos pingentes. Para ela, o fato de a superfície dos ossos estarem extremamente desgastadas, não permitindo observar marcas de corte, indicam que não houve canibalismo.
Mas ela indica outra possibilidade: “O fato de o uso de ossos humanos não ter sido enfatizado de forma alguma e de os objetos serem indistinguíveis e semelhantes a objetos feitos de ossos de animais pode indicar o entrelaçamento de animais e humanos na visão de mundo da Idade da Pedra”, diz.
“Usar ossos de animais e humanos juntos no mesmo ornamento ou roupa pode ter simbolizado a capacidade dos humanos de se transformarem em animais em suas mentes, além de acreditarem que os animais eram capazes de assumir a forma humana. Sabemos que essa indefinição de formas e fronteiras fez e ainda faz parte da visão de mundo dos povos indígenas”, acrescenta Mannermaa.
Com cenas inéditas, 'Calígula' volta aos cinemas brasileiros após censura
Jornalista busca evidências de alienígenas em documentário da Netflix
Estudo arqueológico revela câmara funerária na Alemanha
Gladiador 2: Balde de pipoca do filme simula o Coliseu
Túnica atribuída a Alexandre, o Grande divide estudiosos
Quebra-cabeça: Museu Nacional inicia campanha para reconstruir dinossauro