Casa construída por Nissim Kahlon - Jpatokal via Wikimedia Commons
Israel

Israel tenta despejar homem que construiu casa à mão há 50 anos

Nissim Kahlon vive desde 1973 em casa única localizada em um penhasco à beira-mar; entenda!

Fabio Previdelli Publicado em 13/07/2023, às 13h18

Há 50 anos, Nissim Kahlon mora em uma casa única localizada em penhasco à beira-mar em Herzliya (Israel). O local apresenta um labirinto de túneis esculpidos à mão pelo próprio Kahlon, hoje com 77 anos, assim como mosaicos feitos de garrafas de vidro.

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O endereço já se tornou tão popular que Nissim sempre precisa lidar com turistas curiosos. Mas, agora, o governo israelense pretende despejá-lo e demolir o imóvel; o que tem causado uma enorme indignação.

A casa de eremita

A história da 'casa de eremita' começou no início dos anos 1970, quando Nissim Kahlon decidiu que estava cansado da vida na cidade e quis se mudar para a praia, repercute o All That Interesting.

"Decidi que não queria viver na cidade, adoro o mar, foi assim que vim para cá. Não preciso pagar imposto municipal porque não tenho lixo, queimo tudo e uso as cinzas como concreto para construir", disse ao City Desert.

Kahlon vivia em uma barraca na praia antes de finalmente selecionar um penhasco perto de Herzliya para ser o local de sua nova casa. Em 1973, ele começou a esculpir sozinho seu novo endereço fixo.

O israelense construiu extensos túneis e câmaras usando materiais que encontrou em lixeiras ao redor de Tel Aviv. Por lá, quase todas as superfícies estão cobertas com mosaicos brilhantes que servem tanto como decoração como para a proteção da casa.

O imóvel ainda possui água encanada e eletricidade. Mas o governo de Israel desde 1974 cita o local como inseguro, inapropriado e prejudicial ao meio ambiente — apesar de Kahlon insistir que sua estrutura é sólida e sustentável.

Das pedras que extraí, faço um molde e construo uma parede. Não há desperdício aqui, apenas material, essa é a lógica", disse ele à Associated Press. "Tudo é útil, não tem lixo."

O morador se mostra inflexível em sair do endereço. Diante das novas ameaças das autoridades, Nissim argumenta que o próprio governo local conectou sua casa à rede elétrica há décadas, portanto, isso equivale ao reconhecimento da legitimidade do local.

"Eu não vou sair daqui. Estou pronto para que me enterrem aqui", afirmou ainda à AP. "Não tenho para onde ir, não tenho outra casa."

As autoridades locais, entretanto, já declararam que fornecerão uma moradia alternativa para o sujeito. Enquanto a disputa continua, Kahlon ainda constrói mais túneis no local. "Não consigo ficar sentado o dia todo."

Por conta de toda a questão, o município de Herzliya apelou à UNESCO para reconhecer a casa como patrimônio mundial. Além disso, moradores da região passaram a arrecadar fundos para ajudar na preservação do imóvel.

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