Impressões digitais encontradas em estatuetas de Thonis-Heracleion revelaram a participação de mulheres, homens e crianças na produção
Redação Publicado em 05/11/2024, às 13h00
Um estudo conduzido pela doutoranda Leonie Hoff, da Universidade de Oxford, analisou impressões digitais encontradas em estatuetas de terracota para revelar detalhes sobre a idade, sexo e condições de trabalho dos seus criadores.
Essas peças valiosas, oriundas da antiga cidade egípcia de Thonis-Heracleion, datam dos períodos Tardio e Ptolemaico. A pesquisa foi publicada no Oxford Journal of Archaeology.
Thonis-Heracleion desempenhou papel crucial no comércio e na migração antes de Alexandria ser determinada como principal porto do Egito. Redescoberta na década de 1990, muito da vida dos habitantes da cidade permanece desconhecido, até pela ausência de evidências funerárias.
"As estatuetas de terracota foram todas localizadas durante escavações no local nos últimos 20 anos e atestam a forte influência grega na cidade, consistindo em importações gregas ou produção local que adotou técnicas gregas", explica o estudo.
A análise das impressões digitais em nove das 60 estatuetas recuperadas revelou descobertas fascinantes. Hoff constatou que tanto homens quanto mulheres participaram na produção dessas figuras, desafiando a suposição, fundamentada em fontes gregas antigas, de que essa era uma ocupação exclusivamente masculina.
Além disso, foi notada a participação de crianças no processo, um fato, inicialmente, inesperado para Hoff.
"Talvez eu tenha ficado inicialmente surpresa ao encontrar evidências tão claras do envolvimento de crianças", explicou Hoff, conforme repercutido pelo Archaeology News. "Mas, na verdade, faz muito sentido quando você considera a natureza prática do trabalho e as evidências transculturais de crianças trabalhando em olarias [oficinas]."
O processo de criação dessas estatuetas envolvia pressionar argila úmida em moldes, deixando impressões digitais. Ao analisar a densidade das marcas (geralmente mais densa em impressões femininas) e a largura (que se correlaciona com a idade), Hoff pôde distinguir as impressões de adultos e crianças, bem como entre homens e mulheres.
O estudo identificou cerca de 14 indivíduos diferentes, embora não fosse possível associar indivíduos específicos a estatuetas específicas devido à natureza fragmentária das impressões e às diferentes datas dos artefatos.
A presença predominante das impressões infantis no interior das figuras – enquanto as impressões adultas apareciam tanto dentro quanto fora – sugere que as crianças auxiliavam em tarefas como pressionar argila nos moldes, deixando aos adultos a confecção e o refinamento das estatuetas.
Segundo Hoff, este estudo preliminar sobre evidências de impressões digitais não só oferece acesso direto aos indivíduos que confeccionaram esses itens, mas também destaca dinâmicas socioculturais mais amplas dentro da sociedade egípcia antiga.
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