Ginecologista de Los Angeles foi acusado de "prescrever" um estudo bíblico ao saber que paciente havia feito um aborto 34 anos atrás
Redação Publicado em 07/11/2024, às 11h45
Um ginecologista de Los Angeles, Califórnia (EUA), entregou sua licença médica após ser acusado de pressionar uma paciente sobre suas crenças religiosas e "prescrever" um estudo bíblico ao saber que ela havia feito um aborto 34 anos antes.
Segundo reportagem do jornal britânico The Independent, em setembro de 2021, uma mulher de 63 anos foi ao consultório de Lucien Cox, de 75 anos, para um exame de rotina.
Durante o atendimento, ela respondeu a perguntas de um assistente, incluindo uma sobre interrupções de gravidez, e relatou ter feito um aborto em 1987, conforme detalhado em um processo disciplinar do Conselho Médico da Califórnia.
Ao entrar na sala, Cox teria insistido para que a paciente contasse mais detalhes sobre o aborto e questionou se ela tinha “Jesus em sua vida”, conforme o processo. Ao ouvir que ela não era religiosa, ele perguntou se ela queria “ir para o céu e evitar o diabo”, afirmando que “o diabo está governando o mundo”, informou o jornal.
Cox então passou cerca de 15 minutos promovendo suas crenças antes de "prescrever" um estudo bíblico, que ele descreveu como uma forma de "aconselhamento para mulheres que sofrem de culpa após um aborto".
Em seguida, chamou sua assistente de volta à sala e realizou um exame pélvico e de Papanicolau. A paciente apresentou uma queixa contra Cox ao Conselho Médico da Califórnia, que resultou na suspensão de sua licença médica a partir de 5 de novembro. Ele foi acusado de "conduta antiprofissional e negligência grave".
O advogado dele, Peter Osinoff, afirmou ao The Independent que o médico "não tentou ensiná-la sobre o cristianismo" e negou comentários sobre "o diabo ou o céu".
Cox é profundamente religioso e apenas aconselhou a paciente [que havia feito um aborto] sobre um programa de estudo da Bíblia que ela poderia achar útil", destacou Osinoff ao The Independent.
Além disso, segundo o advogado, "em vez de prosseguir para uma audiência custosa, o Dr. Cox decidiu abrir mão de sua licença, pois havia fechado seu consultório e estava planejando se aposentar da prática da medicina há algum tempo".
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