Crânio de Pampaphoneus biccai descoberto na região sul do Brasil - Foto por Juan Carlos Cisneros pelo Wikimedia Commons
Paleontologia

Fóssil do RS pertenceu a maior predador da América do Sul do Permiano Médio

Animal conhecido como "Matador dos Pampas" viveu na América do Sul há 265 milhões de anos, ainda antes dos dinossauros

Redação Publicado em 13/09/2023, às 08h41

No último domingo, 10, foi publicado no periódico científico Zoological Journal of the Linnean Society um estudo que descrevia uma descoberta relativamente recente e importante no Rio Grande do Sul: ossos de um Pampaphoneus biccai. Conhecido também como "matador dos pampas", ele é o mais antigo predador da América do Sul do período Permiano Médio, anterior aos dinossauros.

De acordo com a Revista Galileu, o animal reinou como o maior e mais sanguinário carnívoro de seu tempo, vivendo cerca de 40 milhões de anos antes dos dinossauros. O crânio analisado em questão, porém, já havia sido escavado em 2019, junto de mais alguns outros ossos do predador.

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Na época da descoberta, paleontólogos passaram um mês trabalhando em escavar os ossos. Porém, com a chegada da pandemia de Covid-19, demorou mais três anos até que, finalmente, a ossada fosse limpa e estudada com mais calma.

O fóssil foi encontrado em rochas do médio Permiano, em uma área onde os ossos não são tão comuns, mas sempre guardam surpresas agradáveis", afirma em comunicado o principal autor do estudo, Mateus A. Costa Santos, pós-graduando do Laboratório de Paleontologia da UNIPAMPA.
Outros fósseis já escavados do Pampaphoneus biccai / Crédito: Divulgação/Felipe Pinheiro

 

Outros achados

Este achado de 2019, porém, não foi o primeiro fóssil do Pampaphoneus biccai encontrado por brasileiros; o primeiro achado ocorreu em 2008. No entanto, o exemplar de 2019 é o maior já encontrado intacto.

Conforme descrito pelos pesquisadores, o Pampaphoneus biccai poderia chegar a até quase três metros de comprimento, e pesar até 400 kg. Sua alimentação, porém, era constituída majoritariamente por animais de pequeno e médio porte.

Felipe Pinheiro, autor sênior da pesquisa e chefe do Laboratório de Paleontologia da UNIPAMPA, explica ainda que o antigo predador desempenhou um papel ecológico semelhante ao dos felinos modernos, com "sua dentição e arquitetura craniana [que] sugerem que sua mordida era forte o suficiente para mastigar ossos, muito parecido com hienas modernas."

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Outro fator importante de se pontuar sobre o Pampaphoneus biccai é que ele não pode ser chamado de dinossauro. Na verdade, ele é referente a um grupo ainda anterior aos seres jurássicos, sendo um dinocéfalo. Além do Brasil, o animal é conhecido também na África do Sul e na Rússia.

Encontrar um novo crânio de Pampaphoneus depois de tanto tempo foi extremamente importante para aumentar nosso conhecimento sobre o animal, que antes era difícil de diferenciar de seus parentes russos", conta Mateus A. Costa Santos

Além disso, ele também pontua que a nova descoberta pode ajudar a "fornecer uma visão da estrutura comunitária dos ecossistemas terrestres pouco antes da maior extinção em massa de todos os tempos", de acordo com a paleontóloga Stephanie E. Pierce, coautora do estudo. "É um achado espetacular que demonstra a importância global do registro fóssil do Brasil."

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