Imagem feita pelo telescópio Gaia mostra mais de 1,7 bilhão de estrelas - Divulgação/ESA
Fonte da juventude

'Fonte da juventude' pode adiar morte de estrelas, aponta estudo

Fenômeno recém-descoberto pode mudar a forma como os cientistas compreendem a idade estelar

Giovanna Gomes Publicado em 22/03/2024, às 08h35

Tal como acontece com a maioria dos corpos celestes, as estrelas seguem um ciclo de formação, evolução e eventual extinção. As anãs brancas, por exemplo, são consideradas "estrelas mortas" porque esgotam sua energia nuclear, cessam a produção de calor e iniciam um processo de resfriamento que pode se estender por bilhões de anos.

No entanto, em 2019, dados do satélite Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), revelaram uma conjunto de anãs brancas que, misteriosamente, parou de esfriar há 8 bilhões de anos, como se tivessem encontrado a "fonte da juventude". Este fenômeno foi descrito em um artigo publicado na revista Nature em 6 de março.

De acordo com o portal Galileu, os cientistas ficaram intrigados com a possibilidade de uma aparente "estrela morta" continuar gerando energia extra que retardasse seu resfriamento. Para entender melhor essa etapa da vida das anãs brancas, pesquisadores da Universidade de Warwick, no Reino Unido, e da Universidade de Victoria, no Canadá, conduziram investigações.

Tradicionalmente, o processo de resfriamento estelar ocorre quando o plasma denso no interior da estrela começa a solidificar, iniciando um processo de solidificação de dentro para fora. No entanto, o estudo revelou que o plasma de algumas anãs brancas não segue esse padrão.

Ao invés disso, os sólidos formados, por serem menos densos que o líquido ao redor, tendem a flutuar. À medida que esses cristais sobem, deslocam o líquido mais pesado para baixo, liberando energia gravitacional perto do núcleo da estrela o suficiente para interromper o resfriamento por bilhões de anos.

Os pesquisadores hipotetizam que esse fenômeno pode ser resultado de diferenças na composição das estrelas. “Algumas anãs brancas são formadas pela fusão de duas estrelas diferentes. Quando essas estrelas colidem para formar a anã branca, isso muda a composição da estrela de uma maneira que pode permitir a formação de cristais flutuantes", explica o pesquisador Simon Blouin, um dos autores do artigo.

Estima-se que mais de 97% das estrelas da Via Láctea se tornarão eventualmente anãs brancas. Atualmente, esses astros são usados como marcadores de idade estelar: quanto mais fria uma anã branca, mais antiga se supõe que ela seja.

No entanto, a descoberta dos cientistas implicará em uma revisão desse conceito, pois o atraso no resfriamento de algumas anãs brancas sugere que estrelas não tão congeladas podem ser muito mais antigas do que se pensava anteriormente.

+ Confira aqui o estudo completo.

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