Filhote de tigre-dente-de-sabre - Lopatin et.al
Tigre-dente-de-sabre

Filhote de tigre-dente-de-sabre de 35 mil anos encontrado preservado no permafrost

Múmia de um filhote recém-nascido de tigre-dente-de-sabre, que morreu há pelo menos 35 mil anos, ainda tinha bigodes e garras intactas; saiba mais!

Redação Publicado em 18/11/2024, às 14h00

Um grupo de pesquisadores anunciou a recuperação de uma múmia de um filhote recém-nascido de tigre-dente-de-sabre, que morreu há pelo menos 35 mil anos. Encontrado no permafrost da Sibéria, o exemplar ainda preserva bigodes e garras intactas.

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Análises recentes revelaram que a cabeça e parte superior do corpo do filhote estavam surpreendentemente bem conservadas, indicando que ele tinha apenas três semanas de vida ao falecer na região atualmente conhecida como República de Sakha, ou Yakutia, no nordeste da Rússia.

Juntamente com a múmia, foram encontrados ossos pélvicos, um fêmur e tíbias envolvidos em um bloco de gelo. As circunstâncias exatas de sua morte permanecem desconhecidas.

A descoberta é notável pela raridade de encontrar restos tão bem preservados desses felinos extintos. Este espécime pertence à espécie Homotherium latidens, conforme estudo publicado na revista Scientific Reports.

Os tigres-dentes-de-sabre

Os tigres-dentes-de-sabre do gênero Homotherium habitaram diversas partes do globo durante os períodos Plioceno (5,3 milhões a 2,6 milhões de anos atrás) e início do Pleistoceno (2,6 milhões a 11.700 anos atrás), porém evidências sugerem que sua presença diminuiu significativamente ao final do Pleistoceno, também conhecido como última era glacial.

Os pesquisadores destacaram que "por muito tempo, a presença mais recente do Homotherium na Eurásia foi registrada no Médio Pleistoceno [770 mil a 126 mil anos atrás]". A descoberta da múmia em Yakutia amplia radicalmente o entendimento sobre a distribuição desse gênero, confirmando sua existência no Pleistoceno Tardio [126 mil a 11.700 anos atrás] na Ásia.

A múmia congelada demonstra que H. latidens estava bem adaptado às condições glaciais, conforme o estudo. Comparando o cadáver com um filhote moderno de leão (Panthera leo) de três semanas, observou-se que o tigre-dente-de-sabre apresentava patas mais largas e ausência das almofadas carpais — estruturas presentes no pulso dos felinos atuais que atuam como amortecedores.

Tais adaptações permitiam aos tigres-dentes-de-sabre deslocarem-se facilmente na neve, enquanto sua espessa pelagem macia os protegia das temperaturas polares.

A comparação também revelou que esses felinos possuíam boca maior, orelhas menores, membros anteriores mais longos, pelagem mais escura e pescoço muito mais robusto em relação aos leões modernos. Estudos anteriores já indicavam que os adultos do gênero Homotherium tinham corpos curtos e membros alongados; agora, essa pesquisa mostra que tais características já estavam presentes desde as primeiras semanas de vida.

A datação por radiocarbono da pelagem da múmia sugere que o filhote esteve enterrado no permafrost por pelo menos 35 mil anos, possivelmente até 37 mil anos. Descoberto nas margens do rio Badyarikha em Yakutia em 2020, esse achado possibilitou aos pesquisadores descrever pela primeira vez as características físicas do H. latidens, incluindo textura da pelagem, formato do focinho e distribuição muscular.

Surpreendentemente, a múmia ainda mantinha garras afiadas e bigodes (ou vibrissas) intactos. No entanto, "os cílios não foram preservados", apontaram os pesquisadores no estudo.

Embora a análise atual tenha identificado a espécie e suas características mais marcantes, os autores já estão elaborando um novo artigo para discutir em detalhes as particularidades anatômicas dessa descoberta extraordinária.

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