Estudo realizou tomografias computadorizadas em 21 corpos mumificados e descobriu evidências de infecção em uma menina egípcia que viveu há 2 mil anos
Isabela Barreiros Publicado em 20/01/2022, às 12h00
Um estudo realizou tomografias computadorizadas (TC) de 21 corpos mumificados de crianças e pré-adolescentes que viveram no último período da civilização egípcia, entre 332 a.C. e 395 d.C., e descobriu que três delas apresentavam sinais de infecção.
Os pesquisadores ficaram surpresos ao perceberem que, na perna direita de uma menina que viveu há 2 mil anos no Egito Antigo, havia uma ferida com pus que havia sido coberta por um curativo, descrita na pesquisa publicada no periódico International Journal of Paleopathology.
A múmia da garota chamou a atenção dos cientistas porque ela foi descoberta junto a outros sete corpos mumificados dentro da Tumba de Aline — que ocupava o local, descoberto em 1892 pelo arqueólogo Richard von Kaufmann, no sudoeste do Cairo.
Acredita-se que uma mulher chamada Aline tenha sido mãe das duas crianças enterradas ao seu lado, incluindo a menina com ferimentos estudada pelo projeto, que provavelmente morreu com menos de quatro anos em decorrência da infecção.
Ainda que tenha sido tratada, não foi possível salvá-la, como aponta o pesquisador Albert Zink, coautor da pesquisa, ao site Business Insider. Segundo ele, “é muito provável que tenham aplicado algumas ervas ou pomadas específicas para tratar a inflamação”.
Para investigar mais a fundo a ferida, os especialistas teriam que desembrulhar a múmia, uma ideia recusada por Zink, visto que o estudo já realizou as tomografias exatamente para poder visualizá-las sem precisar retirar seu revestimento.
A solução apontada pelo pesquisador é utilizar uma agulha de biópsia para conseguir examinar o corpo e entender qual teria sido o procedimento médico utilizado pelos antigos egípcios no tratamento.
Zink ressalta que existem algumas hipóteses para o que foi descoberto. É possível que a ferida tenha sido estancada após a morte da criança, que o material tenha sido confundido com o linho usado pelos embalsamadores, ou ainda que “eles tenham tentado de alguma forma continuar o processo de cura para a vida após a morte".
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