Imagem ilustrativa das espécies de cangurus que viveram na Austrália - Divulgação/Peter Schouten
Extinção

Extinção de espécie de cangurus, há 40 mil anos, foi causada por ação humana

Novo estudo desafia crenças sobre extinção de cangurus na Austrália, apontando humanos como fatores cruciais na perda da megafauna; entenda!

Redação Publicado em 13/01/2025, às 10h30 - Atualizado em 14/01/2025, às 07h14

A Austrália, atualmente lar de cerca de 60 espécies de cangurus, wallabies e outros marsupiais saltadores, possui um passado marcado por uma diversidade ainda maior, com registros indicando até 50% mais variedades de animais.

Esse cenário, no entanto, foi drasticamente alterado no final do Pleistoceno, entre 65 e 40 mil anos atrás, quando 27 espécies de cangurus desapareceram.

Tradicionalmente, as mudanças climáticas desse período eram vistas como a principal responsável pela extinção dessas espécies, uma vez que a transição para um clima mais seco teria modificado a disponibilidade de alimentos, favorecendo ambientes abertos com gramíneas em detrimento de florestas densas e úmidas.

No entanto, um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Flinders, em Adelaide, e do Museu e Galeria de Arte do Território do Norte, em Darwin, desafia essa visão estabelecida. A pesquisa revela que as dietas dos cangurus que habitavam a Austrália até o final do Pleistoceno eram muito mais variadas do que se pensava anteriormente.

O estudo

Publicada na última quinta-feira, 9, na revista científica Science, a pesquisa sugere que a extinção das espécies pode não ter sido resultado das mudanças na oferta de alimentos, mas sim da chegada dos humanos ao continente.

O autor principal do estudo, Sam Arman, técnico em ciências da Terra no Museu do Território do Norte, afirma: "Nosso estudo desafia a ideia de que os cangurus de focinho curto [subfamília Sthenurinae] eram herbívoros especializados em folhagem, ou seja, que sua dieta era composta principalmente de folhas e galhos em vez de gramíneas ou, mais importante, uma mistura de ambos", repercute a Folha.

A equipe de Arman analisou mais de 2.650 scans de material dentário provenientes de 937 espécimes de 12 espécies fósseis e 16 atuais. Utilizando uma técnica chamada DMTA (análise da textura de microdesgaste dentária), os pesquisadores conseguiram obter imagens detalhadas dos dentes e aplicar um algoritmo para quantificar as texturas resultantes.

Com base na premissa de que diferentes tipos de alimentos causam marcas distintas nos dentes, foi realizada uma análise estatística para determinar se os padrões observados correspondiam a um dos três tipos conhecidos de dieta entre os cangurus: pastadores (que consomem gramíneas), "browsers" (que se alimentam principalmente de folhas) e mistos (que combinam ambos os tipos).

Os fósseis examinados pertencem à coleção científica do Museu do Sul da Austrália e foram escavados das cavernas fósseis de Victória, local reconhecido como Patrimônio Mundial pela UNESCO.

A morfologia craniana das espécies extintas havia indicado uma dieta predominantemente composta por folhas suculentas, contrastando com as dietas pastadoras das espécies atuais. Assim, muitos estudos anteriores atribuíram a extinção dessas espécies às transformações ambientais que ocorreram no final do Pleistoceno.

Arman ressalta que o diferencial deste estudo está na análise do microdesgaste dentário, que fornece informações diretas sobre a dieta consumida pelos cangurus. "A anatomia craniana pode sugerir adaptações alimentares, mas nosso método revela o que realmente era consumido", explica ele.

A Austrália sofreu uma perda alarmante de biodiversidade há aproximadamente 40 mil anos, com mais da metade das extinções ocorrendo entre cangurus ou grupos relacionados.

Entre as espécies desaparecidas estão o Protemnodon mamkurra, um canguru pré-histórico que podia pesar até 170 kg e não saltava como seus contemporâneos; além das espécies Sthenurus andersoni e Sthenurus maddocki, conhecidas por seu tamanho impressionante de até três metros e dietas especializadas em folhas suculentas.

Arman conclui que não se pode atribuir a extinção dessas duas categorias alimentares distintas exclusivamente às mudanças climáticas. "Como as gramíneas favorecem condições mais secas e a vegetação arbustiva prefere condições mais úmidas, é ainda menos provável que as mudanças climáticas tenham sido responsáveis por eliminar ambos os extremos do espectro alimentar. Como sabemos, a janela de extinção inclui a chegada dos humanos na Austrália, que certamente influenciaram o desaparecimento".

Embora as alterações climáticas possam ter contribuído para o desaparecimento dos cangurus, o estudo enfatiza que elas não foram a única causa.

Leia também: Das raposas das Malvinas ao Rinoceronte-branco: Como Darwin ajuda a explicar a extinção animal?

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