Estudo revela que a geração mais jovem será a mais afetada pelas mortes relacionadas ao calor, desafiando a percepção comum
Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Éric Moreira Publicado em 06/12/2024, às 18h00
O aquecimento global, impulsionado pela crise climática, está redefinindo os padrões de mortalidade relacionados ao clima. Enquanto a percepção comum aponta para os idosos como o grupo mais vulnerável ao calor extremo, uma nova pesquisa revela um cenário alarmante: são os jovens, com menos de 35 anos, que estão destinados a sofrer as maiores consequências das altas temperaturas.
Um estudo publicado na Science Advances, liderado por Andrew Wilson, da Universidade de Columbia, analisou dados de mortalidade no México e chegou a uma conclusão surpreendente: 75% das mortes relacionadas ao calor nas últimas duas décadas ocorreram entre pessoas com menos de 35 anos. Em contraste, a maioria das mortes por frio afetou pessoas com mais de 50 anos.
"A maioria das discussões sobre vulnerabilidade ao calor se concentra nos idosos, mas encontramos uma fonte surpreendente de desigualdade, pois a maioria da mortalidade por calor ocorre em pessoas mais jovens. Não achamos que encontraríamos isso", disse Andrew no estudo.
Diversos fatores podem explicar o porquê de os jovens estarem mais vulneráveis, como, por exemplo, diferenças fisiológicas, já que os bebês têm dificuldade em regular a temperatura corporal, tornando-os mais suscetíveis ao calor. Outro fator são os riscos ocupacionais, já que jovens adultos tendem a realizar trabalhos ao ar livre, expondo-os a temperaturas extremas por longos períodos.
"A mudança climática está aqui e como nos adaptamos a ela será um determinante muito importante da saúde humana no futuro. Não devemos tirar recursos dos idosos, mas certamente precisamos pensar mais sobre o risco enfrentado pelos mais jovens", seguiu Wilson no estudo.
Segundo o 'The Guardian', a redução drástica das emissões de gases de efeito estufa é fundamental para diminuir os impactos das mudanças climáticas e proteger a saúde de todas as gerações. Além disso, é preciso investir em infraestruturas resilientes ao calor, como sistemas de refrigeração eficientes e espaços verdes urbanos.
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