Ativistas temiam que pesquisa auxiliasse eugenistas caso caísse nas mãos erradas
Paola Orlovas, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 25/10/2021, às 14h02
Um estudo conduzido pelo pesquisador inglês Simon Baron-Cohen, do Autism Research Centre (Centro de Pesquisa sobre Autismo) da Universidade de Cambridge, que buscava entender a ligação entre o autismo e outras condições, como problemas de saúde intestinal e epilepsia, foi posto em pausa após comoção de ativistas na internet e uma petição.
A pesquisa, chamada Spectrum 10k, foi lançada no mês de agosto, e seria conduzida por meio da coleta de amostras de DNA de mais de 10 mil autistas e suas famílias.
Aqueles contrários ao estudo dizem que não houve clareza em relação ao uso e segurança das informações, nem consultas sobre o possível impacto que poderia ser causado pelo armazenamento dos dados.
Uma grande preocupação da comunidade autista, segundo Tilt, é o possível uso desses dados que seriam coletados para alimentar pesquisas de caráter eugenista, onde cientistas buscariam por uma “cura” para o Transtorno do Espectro Autista.
O medo surge porque o estudo é financiado por instituições não-governamentais que exigem que os resultados sejam compartilhados de forma gratuita.
Embora os autistas e ativistas compreendam que há benefícios em estudar o espectro, sua raiz genética e impacto, eles destacam em texto na petição contra o Spectrum 10k a necessidade de que a pesquisa seja ética:
Temos sérias questões sobre como os dados da pesquisa genética podem ser usados e a óbvia falta de salvaguardas para seu uso futuro", o texto diz.
Mesmo com a pesquisa interrompida, o grupo que se organizou contra ela, Boycott Spectrum 10K (Boicote Spectrum 10k), irá se reunir em frente ao Centro de Pesquisa sobre Autismo da Universidade de Cambridge no dia 29 de outubro para protestá-la.
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