Pesquisa da Universidade de Oxford, publicada na revista Nature, avaliou as consequências cerebrais do novo coronavírus em 785 pessoas entre 51 e 81 anos
Isabela Barreiros Publicado em 08/03/2022, às 10h10
Pesquisadores da Universidade de Oxford publicaram o primeiro grande estudo que investigou as consequências da infecção por covid-19 no cérebro. Foram comparadas as varreduras cerebrais de pessoas antes e depois de terem a doença.
No estudo, publicado na revista científica Nature, os cientistas apontaram o encolhimento do cérebro e danos nos tecidos ligados ao olfato e capacidades mentais oito meses depois de os indivíduos terem testado positivo para o novo coronavírus.
Exames cerebrais foram realizados em 785 pessoas com idades entre 51 e 81 anos antes e durante a pandemia, sendo que mais da metade dos voluntários foi diagnosticada com covid-19 entre os dois testes, parte do projeto do UK Biobank.
A partir das análises, foi possível perceber que os indivíduos que tiveram a doença tiveram maior encolhimento geral do cérebro e da massa cinzenta, especialmente em áreas relacionadas ao cheio, do que as 384 pessoas não infectadas.
Os cientistas avaliaram que as pessoas que testaram positivo para covid-19 perderam, em comparação com as que não tiveram coronavírus, mais 1,8% do giro para-hipocampal, uma área chave para o olfato no cérebro, e mais 0,8% do cerebelo.
Os voluntários também realizaram um teste de habilidades mentais, no qual os infectados pontuaram menos do que os não infectados, o que foi associado a uma maior perda de tecido cerebral nas partes do cerebelo associadas à capacidade mental.
Como destacou o jornal britânico The Guardian, os efeitos apontados pela pesquisa foram mais acentuados em idosos e em indivíduos que foram hospitalizados em decorrência da covid-19. Ainda assim, foram evidentes em infecções leves ou assintomáticas.
Gwenaëlle Douaud, da Universidade de Oxford, explicou: “O cérebro é plástico, o que significa que pode se reorganizar e se curar até certo ponto, mesmo em pessoas mais velhas”. Por isso, serão necessários novos estudos para entender se essas alterações são permanentes ou se são parcialmente reversíveis.
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