Neve, como a criança foi apelidada, tinha menos de 50 dias de vida quando morreu — sua sepultura é a mais antiga de seu tipo em todo o continente
Fabio Previdelli Publicado em 14/12/2021, às 17h51
Arqueólogos que exploravam uma caverna na Itália descobriram um enterro de uma criança que viveu há 10.000 anos. Altamente decorado, a sepultura é a mais antiga de seu tipo que se tem conhecimento por todo o continente europeu.
A criança caçadora-coletora foi apelidada de 'Neve'. Ela estava adornada em contas de conchas e junto dela havia a garra de uma coruja-águia, informaram os pesquisadores da Universidade do Colorado.
Embora Neve tenha sido encontrada em 2017, um estudo detalhado sobre o achado só foi publicado hoje, 14, na Scientific Report. Ela foi descoberta na caverna Arma Veirana, nos pré-Alpes, e estudada meticulosamente desde então.
Segundo os pesquisadores, este é um dos poucos enterros conhecidos do início do Mesolítico. O grupo afirma que a descoberta ajuda a elucidar o fato de que, antigamente, as pessoas recebiam o mesmo tratamento funerário.
“A evolução e o desenvolvimento de como os primeiros humanos enterravam seus mortos, conforme revelado nos registros arqueológicos, têm um enorme significado cultural", apontaram em um comunicado.
O rito pode ajudar a elucidar como funcionava a estrutura das sociedades passadas. Por exemplo, o enterro mostra que as crianças eram consideradas pessoas como quaisquer outras, sem nenhuma distinção por conta da idade.
“Eu estava escavando na praça adjacente e lembro-me de olhar e pensar ‘que osso estranho'”, relatou a antropóloga Claudine Gravel-Miguel, da Universidade Estadual do Arizona. “Rapidamente ficou claro que não apenas estávamos olhando para um crânio humano, mas também que era de um indivíduo muito jovem”.
Foi um dia emocionante”, completa.
Além dos restos da jovem, também foram examinados os ornamentos com os quais ela foi enterrada, o que incluía não só as contas e a garra, mas também quatro pingentes de concha. O desgaste de algumas das peças sugere que, provavelmente, foram passadas para a criança por outros membros de seu grupo de caçadores-coletores.
Estudos dos dentes de Neve, por sua vez, indicaram que ela provavelmente tinha entre 40-50 dias de idade quando morreu. A jovem teria sofrido de estresse quando ainda estava no útero, segundo os pesquisadores, visto que a equipe encontrou sinais de que seus dentes haviam parado de crescer temporariamente entre 47 e 28 dias antes do nascimento.
Além disso, as análises de carbono e nitrogênio dos dentes indicaram que, enquanto sua mãe estava grávida, Neve foi nutrida com uma dieta baseada na terra. Enquanto isso, foi através da datação por radiocarbono dos restos mortais que os arqueólogos foram capazes de determinar que Neve viveu cerca de 10.000 anos atrás.
“Os enterros de bebês são especialmente raros, então Neve adiciona informações importantes para ajudar a preencher essa lacuna”, acrescentou o autor do artigo e paleoantropólogo Jamie Hodgkins da Universidade do Colorado.
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