Referência em biscoitos na Alemanha, a Bahlsen usou centenas de trabalhadores forçados da Polônia e da Ucrânia durante ocupação nazista, entre 1940 e 1945
Éric Moreira Publicado em 15/08/2024, às 12h23
Recentemente, a empresa alemã Bahlsen — uma referência da indústria alimentícia e dona de um império de biscoitos no país fundada em 1889 — pediu desculpas após uma série de descobertas "dolorosas" referente ao passado do grupo. Durante o regime nazista, eles utilizaram muito mais trabalhadores forçados do que se pensava até então.
Segundo o The Guardian, em 2019, a herdeira da família que fundou a Bahlsen, Verena Bahlsen, causou grande indignação na mídia internacional e interna da Alemanha, ao minimizar o sofrimento das pessoas — grande parte, mulheres da Ucrânia — que trabalhavam forçadamente no negócio de sua família, durante a ocupação nazista.
A herdeira insinuou, na época, que a empresa não fez nada de errado ao usar 20 trabalhadores forçados durante a Segunda Guerra Mundial, acrescentando ainda que a empresa os "tratou bem". Esses comentários causaram grande controvérsia em 2019, de forma que Verena foi criticada por vários políticos alemães, além de vários internautas pedirem por um boicote aos biscoitos da Bahlsen.
Foi um erro amplificar este debate com respostas irrefletidas. Peço desculpas por isso. Nada poderia estar mais longe da minha mente do que minimizar o nacional-socialismo ou suas consequências", pronunciou ela rapidamente, após a repercussão. Ela saiu da empresa apenas três anos depois.
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Após a grande repercussão dos comentários de Verena Bahlsen, um novo relatório sobre os trabalhadores forçados que trabalharam na empresa de biscoitos foi encomendado.
Publicado nesta semana, o estudo surpreende ao sugerir que o número de trabalhadores forçados que trabalharam na Bahlsen durante a ocupação nazista na Polônia e na Ucrânia ultrapassa os 200 mencionados por Verena, e chegavam a cerca de 800. Além disso, o tempo do trabalho também era maior que o que se pensava, tendo ocorrido entre 1940 e 1945.
Após as novas descobertas, a família Bahlsen se pronunciou em uma declaração, chamando as descobertas de "desconfortáveis e dolorosas". Eles também lamentaram que a empresa "não tenha confrontado essa difícil verdade antes". Durante a Segunda Guerra Mundial, a empresa produziu rações para os soldados alemães.
Nós, como família, não colocamos a questão óbvia de como nossa empresa conseguiu sobreviver à Segunda Guerra Mundial", informa o comunicado, emitido na última terça-feira, 13. "[...] Nossos ancestrais tiraram vantagem do sistema no período nazista".
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