Fotografia recente de Daniel Cravinhos, que hoje usa o sobrenome 'Bento' - Reprodução / Instagram
Daniel Cravinhos

Em nova carta, Daniel Cravinhos pede perdão para Andreas von Richthofen; confira!

Agora que está fora da cadeia, o assassino de Manfred von Richthofen pede perdão ao filho da família, cuja relação era de amizade; leia a carta!

Redação Publicado em 16/04/2024, às 07h50

Daniel Cravinhos, condenado a uma pena de 39 anos de reclusão pelo falecimento de Manfred von Richthofen em 2002, expressou seu desejo de restabelecer os laços com Andreas von Richthofen, filho da vítima, atualmente com 36 anos.

Cravinhos, cuja pena foi reduzida a regime aberto desde 2017, busca reconciliação com Andreas, que vive isolado em uma propriedade rural em São Roque, distante 450 quilômetros da capital paulista.

Em uma entrevista recente ao blog True Crime, de Ulisses Campbell, via portal O Globo, Daniel revelou sua vontade de procurar o filho dos Richthofen, destacando a forte amizade que compartilhavam antes do trágico evento.

No entanto, ele reconheceu a apreensão de que sua presença pudesse ameaçar Andreas, considerando a relação anterior com Suzane Magnani, irmã de Andreas e ex-parceira de Daniel na época dos acontecimentos.

Daniel ressaltou a tentativa anterior de Suzane de se encontrar com Andreas, resultando na apresentação de um boletim de ocorrência por parte deste último. Demonstrando preocupação com as possíveis consequências legais, Daniel reconheceu que uma denúncia de Andreas poderia resultar em seu retorno à prisão.

“Gostaria de conversar contigo e expressar meus sentimentos, mas compreenderei se preferires não olhar na minha cara”, diz Daniel em uma carta aberta destinada ao ex-amigo. “É com toda a sinceridade e humildade que peço tua misericórdia. Estou disposto a enfrentar as consequências de meus atos e a fazer tudo o que estiver ao meu alcance para tentar reparar o dano que lhe causei”, diz o piloto.

A carta

Confira a carta na íntegra, publicada pelo blog True Crime:

"Querido Andreas,

Após sete anos de reflexão, finalmente encontro coragem para escrever a você. Sinto-me apreensivo com a sua possível reação ao ler essa carta. Recentemente, tomei conhecimento de notícias suas por meio de amigos em comum e pela imprensa, o que me levou a tomar a decisão de pôr para fora o que estou sentindo.

Minha mente está em turbilhão, pois meu desejo mais profundo é ter o seu perdão. As palavras mal conseguem expressar a intensidade de minha angústia e remorso. Minhas mãos tremem enquanto escrevo, e cada linha é uma batalha contra os fantasmas do passado.

Há duas décadas, desde aquele fatídico dia, carrego o peso do arrependimento e da culpa, ciente de que minhas ações trouxeram tamanha tragédia para nossas vidas. Desde sempre penso em você, a maior vítima de tudo o que aconteceu. Hoje, ao praticar motovelocidade, a imagem do seu rosto vem à minha mente. Como seria bom ter você ao meu lado, correndo em uma moto. Lembra do mobilete que construímos juntos?

Somos vizinhos em São Roque. Meu sítio fica a três quilômetros do seu. Sinto vontade de tocar a sua campainha, mas temo sua reação. Morro de medo que você se sinta ameaçado com a minha presença. Além disso, sei que a sociedade me vê unicamente como o assassino de seu pai. E você? Como você me enxerga além disso?

Saí da prisão em 2017 após perder 17 anos de minha liberdade. Mas você perdeu muito mais do que eu. Desejo compreender seu luto e fazer parte dele. Lembro do dia da reprodução simulada feita na sua casa duas semanas após o crime, quando você abraçou o Cristian e me olhou emocionado. Quando íamos nos abraçar, os policiais não deixaram. Entendi o seu gesto de carinho como um perdão. Contudo, você era apenas um adolescente. Hoje, você é um homem adulto. Gostaria de conversar contigo e expressar meus sentimentos.

Desde que saí da prisão, reconstruí minha vida, assim como Suzane, sua irmã. Aos trancos e barrancos, o Cristian também está tentando recomeçar. No entanto, a culpa continua a me perturbar. Parte de minha família me rejeita, e sinto que um dedo acusador aponta para mim constantemente, me lembrando do que fiz. Essa culpa não desaparecerá com a sentença que me condenou a 39 anos. Seguirá comigo até o fim dos meus dias.

Espero, do fundo de minha alma, que você encontre no coração a compaixão para me perdoar. Sei que minhas palavras podem parecer insuficientes diante da magnitude do que aconteceu, mas é com toda a sinceridade e humildade que peço por tua misericórdia. Estou disposto a enfrentar as consequências de meus atos e a fazer tudo o que estiver ao meu alcance para tentar reparar o enorme dano que lhe causei. Se você permitir, gostaria de ter a oportunidade de falar pessoalmente, olhos nos olhos, e abrir meu coração.

Mas, se você preferir manter distância, respeitarei. Apenas desejo saber o tamanho do abismo emocional que nos separa para saber se é possível atravessá-lo. Hoje, serias capaz de me dar o abraço que não aconteceu 22 anos atrás?

Daniel Cravinhos".

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