O aqueduto de Dorchester visto do forte de Poundbury, Dorset, Reino Unido - Jim Champion / Wikimedia Commons
Arqueologia

Descoberta revela extensão de aqueduto romano na Grã-Bretanha

Segundo pesquisadores, o canal quilométrico representa um importante marco da arquitetura e da civilização romana na Europa Ocidental

Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 21/11/2024, às 21h00

Pesquisadores da Universidade de Bournemouth (BU) fizeram uma descoberta significativa sobre o aqueduto de Dorchester, uma das mais longas estruturas de abastecimento de água da Grã-Bretanha romana.

Novos estudos revelaram que o aqueduto, que fornecia água doce para a antiga cidade de Durnovaria (atual Dorchester), se estendia por dois quilômetros além do que se acreditava anteriormente, alcançando a vila de Notton, no Rio Frome.

O aqueduto, fundamental para o abastecimento de banhos públicos, fontes e residências nobres, é um exemplo marcante da infraestrutura urbana desenvolvida durante o período romano.

Harry Manley, do Departamento de Ciências Ambientais e da Vida da BU, destacou à Archaeology News a relevância da descoberta: “O fornecimento de água para estruturas proeminentes era um símbolo de modernidade e status urbano na época.”

Tecnologia avançada 

Para desvendar os novos trechos do aqueduto, a equipe utilizou dados LiDAR, que permitem analisar elevações e características do terreno. A pesquisa mapeou uma rota além da fonte anteriormente conhecida no lago Steppes Bottom.

A análise foi confirmada por pesquisas geofísicas realizadas nas proximidades da Frampton Villa, que identificaram um canal estreito orientado de noroeste a sudeste. Estudos com radar sobre a penetração no solo e escavações subsequentes revelaram a presença de um canal de madeira que fazia parte da estrutura do aqueduto.

Os arqueólogos encontraram vestígios de tábuas de madeira decompostas que formavam um conduíte retangular, com cerca de um metro de largura e 35 centímetros de profundidade.

Registros do estudo mostram a extensão do canal - H. Manley Britannia

 

Novas interpretações

Estudos anteriores, como os realizados por Bill Putnam na década de 1990, sugeriam que o aqueduto começava em Steppes Bottom. No entanto, a pesquisa atual aponta para uma origem mais a montante, próxima a Notton.

Elementos antes atribuídos à gestão hídrica medieval podem, na verdade, ser resquícios do sistema de engenharia romana projetado para transportar água pelo vale.

Impacto histórico e novas perspectivas

As descobertas, publicadas no periódico Britannia, combinam dados arqueológicos e topográficos modernos para oferecer uma análise abrangente dos 20 quilômetros de extensão do aqueduto.

A integração de evidências de arquivos inéditos das escavações de Putnam com ferramentas de geoprocessamento (GIS) tem sido fundamental para traçar a rota completa do sistema. “A pesquisa ilustra como combinar dados arqueológicos históricos e tecnologia moderna pode ampliar nosso entendimento sobre o passado”, destacaram os pesquisadores conforme repercutido pelo Archaeology News.

Resultados da pesquisa magnética realizada - H. Manley Britannia

 

Mais do que um simples sistema de abastecimento, o aqueduto de Dorchester emerge como um símbolo da inovação e urbanização romanas na Grã-Bretanha. Segundo Manley, "Compreender mais sobre sua construção, manutenção e origem enriquece nosso conhecimento sobre a vida e a engenharia romanas".

A descoberta acrescenta um capítulo significativo à história de Durnovaria, uma cidade de importância estratégica durante a ocupação romana, e ressalta o impacto duradouro da civilização romana no desenvolvimento urbano britânico.

descoberta Império Romano notícias arqueologia Grã-Bretanha aqueduto

Leia também

Pesquisadores encontram alfabeto mais antigo do mundo na Síria


Cidade portuguesa do século 18 é encontrada na Amazônia


Pássaro desaparecido há quase 30 anos é declarado oficialmente extinto


Brasileiros boicotam 'Gladiador 2' após entrevista de Denzel Washington


Mulheres mais baixa e mais alta do mundo se encontram em Londres


O destino da banana colada na parede arrematada por R$ 35 milhões