Parte de antiga floresta descoberta após degelo nos EUA - Divulgação/Universidade Estadual de Montana/Daniel Stahle
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Derretimento de geleiras revela floresta de 6 mil anos nos Estados Unidos

Após degelo, linha de árvores foi revelada sob vegetação do Planalto Beartooth, nos EUA, e revela detalhes sobre mudanças climáticas há 6 mil anos

Éric Moreira Publicado em 15/01/2025, às 08h49

Com o aumento das temperaturas globais e o derretimento de geleiras, foi descoberto recentemente os restos de uma antiga floresta de pinheiros-brancos nas Montanhas Beartooth, nos Estados Unidos. Essa floresta, segundo uma pesquisa publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), aponta que a floresta sobreviveu durante séculos, até a região começar a esfriar, há cerca de 5,5 mil anos.

Com o resfriamento da região, o local da floresta tornou-se um bioma de tundra alpina, um tipo de região com elevada altitude caracterizado por não ter árvores. Essa linha vegetativa formou-se a cerca de 180 metros acima da atual linha de vegetação da localidade, e por isso, durante séculos, aquela floresta ficou escondida sob o gelo.

Segundo a Revista Galileu, a antiga floresta, formada a uma altitude de 3.000 metros, está no atual estado de Montana. Os pesquisadores apontam que ela possivelmente ficou envolta em gelo após a queda da insolação no fim do Holoceno e a períodos de grande resfriamento gerais, provocados pelo vulcanismo.

Mas agora, com a elevação das temperaturas e o gradual descongelamento do manto terrestre, a cobertura de gelo da área e de todo o mundo está menor, e novas evidências de antigas vegetações vem sendo reveladas.

Essa é uma evidência bastante dramática da mudança do ecossistema devido ao aquecimento da temperatura", afirma o professor David McWethy, da Universidade Estadual de Montana (EUA), em comunicado. "É uma história incrível de como esses sistemas são dinâmicos".

Até recentemente, as manchas de gelo existentes na área, com centenas de metros quadrados, acumulavam gelo de maneira lenta e contínua, o que, segundo os autores do estudo, possibilitou "a preservação de materiais depositados, como pólen, carvão e macrofósseis, em suas camadas congeladas".

Logo, como a maioria dos registros climáticos mais impressionantes de longo prazo são originários de áreas como a Groenlândia e a Antártica, "não é pouca coisa encontrar manchas de gelo que persistiram por um período de tempo tão longo em latitudes mais baixas no interior do continente", explica McWethy.

Impactos do estudo

No estudo, os pesquisadores analisaram isótopos de água e outros materiais orgânicos provenientes de núcleos de gelo retirados da área, além de seções de madeira das antigas árvores para datação de radiocarbono. E foi após essas análises que os especialistas puderam comprovar que aquela linha de árvores se deslocou para cima devido ao aquecimento no local, no passado, e que com as condições climáticas moderadas e úmidas posteriores, conseguiu sobreviver por cerca de 500 anos.

Com esses novos apontamentos, agora pesquisadores possuem novas ideas sobre como áreas de tundra atuais podem, dependendo das condições do clima, ser preenchidas por árvores. "As temperaturas da estação de crescimento são o principal controle sobre a elevação e a latitude da linha das árvores", pontua o paleoclimatologista Greg Pederson, do Centro de Ciências das Montanhas Rochosas do Norte.

No entanto, em locais individuais da linha das árvores, outros fatores, como umidade, vento, acúmulo de neve e perturbação humana, podem desempenhar um papel importante na determinação da estrutura da floresta e dos limites de elevação", acrescenta Pederson em comunicado.

Por fim, os pesquisadores destacam que, com o estabelecimento de florestas na tundra, há o risco de aumento no número de incêndios florestais, de forma que a transição de bioma não seria benéfica na região. Isso sem mencionar que, com a menor quantidade de neve nas elevadas altitudes, o abastecimento de água da área também é afetado, bem como a irrigação e a geração de eletricidade.

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