Pesquisadores encontraram em caverna dentes pertencentes a indivíduos de diferentes idades: um bebê, um jovem e um adulto
Giovanna Gomes Publicado em 21/11/2024, às 09h23
Restos dentários de neandertais encontrados na Caverna Arbreda, localizada no Parque das Cavernas Pré-históricas de Serinyà, em Girona, nordeste da Espanha, revelaram novas pistas sobre a ocupação humana na região. O estudo, publicado em 10 de novembro na American Journal of Biological Anthropology, foi liderado por Marina Lozano, do IPHES-CERCA, com a colaboração do Instituto Catalão de Pesquisa em Patrimônio Cultural (ICRPC-CERCA) e da Universidade de Girona.
Os pesquisadores identificaram três dentes pertencentes a indivíduos de diferentes idades: um bebê, um jovem e um adulto. Dois desses dentes, datados em mais de 120.000 anos, foram encontrados no Nível N da caverna. O terceiro, no Nível J, possui uma idade estimada entre 71.000 e 44.000 anos, sugerindo que os neandertais ocuparam o local em dois períodos distintos.
Os dentes mais recentes são especialmente importantes para os estudiosos, pois estão associados ao período de transição do Paleolítico Médio para o Superior, quando humanos modernos começaram a se espalhar pela Europa. Essa descoberta pode ajudar a explorar interações entre neandertais e Homo sapiens, incluindo estratégias de sobrevivência e possíveis trocas culturais.
"Os vestígios mais modernos são particularmente interessantes, pois contribuem para o estudo das estratégias de sobrevivência dos últimos neandertais na Península Ibérica e para compreender um cenário de possível coexistência com humanos modernos", afirmou Lozano em comunicado.
De acordo com o portal Galileu, a Caverna Arbreda foi habitada por neandertais entre 140.000 e 39.000 anos atrás e, posteriormente, por humanos modernos entre 39.000 e 16.000 anos. O local serviu como abrigo tanto para famílias humanas quanto para animais, com escavações revelando cinco camadas culturais que abrangem do Paleolítico Médio ao Neolítico. Entre os achados estão ferramentas musterianas típicas dos neandertais, indicando ocupações de diferentes durações ao longo do tempo.
Para analisar os dentes, os pesquisadores utilizaram microtomografia avançada (µCT), criando modelos tridimensionais detalhados que revelaram características como a espessura do esmalte e a junção esmalte-dentina (EDJ). A microscopia eletrônica de varredura também foi empregada para identificar alterações na superfície dentária causadas pelo tempo.
Desde as primeiras escavações na caverna em 1972, ferramentas musterianas e outros vestígios têm ajudado a desvendar como os neandertais enfrentaram mudanças climáticas e ambientais. "A descoberta nos permite entender melhor a presença dos neandertais em Arbreda em diferentes épocas, incluindo um período próximo à sua extinção, quando eles podem ter coexistido com humanos modernos", concluiu a líder da pesquisa.
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