Crânio masculino com jade incrustrada nos dentes superiores, encontrado sob pirâmide maia no México - Divulgação/INAH/Projeto de Reforma Moral
Arqueologia

Corpos decapitados são encontrados enterrados sob pirâmide maia no México

Achados podem se relacionar a antigos rituais maias de sacrifício; entenda!

Éric Moreira, sob supervisão de Ingredi Brunato Publicado em 25/04/2023, às 11h19

Na última quarta-feira, 19, o Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) do México anunciou ter descoberto, sob o terreno de uma antiga pirâmide maia, cerca de 20 sepulturas humanas.

O que mais chama atenção no achado, porém, é o fato de que alguns dos crânios apresentavam marcas de decapitação, indicando que aquela grande construção era possivelmente dedicada a alguma divindade maia do submundo ou da morte.

Nomeada pelos pesquisadores como Estrutura 18, a pirâmide-templo fica localizada na Zona Arqueológica de Moral-Reforma, na cidade mexicana de Balancán, onde existiu, no passado, uma cidade maia.

A pesquisa desenvolvida, por sua vez, foi coordenada por Francisco Apolinar Cuevas Reyes, que contou em comunicado detalhes sobre os trabalhos de escavação e consolidação, realizados entre janeiro e março deste ano.

As sepulturas em questão foram descobertas pelos arqueólogos enquanto exploravam uma área localizada 12 metros ao sul de uma escadaria da pirâmide. Além disso, os pesquisadores identificaram que aqueles restos mortais podem ser divididos em dois grupos: alguns datados do período Clássico Tardio (600-900 d.C.), e outros do período Pré-Clássico Tardio (300 a.C-250 d.C.).

Vale lembrar que no período Clássico Tardio, como informa o INAH, aquela cidade maia localizada às margens do rio San Pedro Mártir era amplamente conhecida, sendo consolidada como "um enclave no controle da navegação, intercâmbio cultural e mercadorias entre os povos maias do Petén guatemalteco e os assentados na costa do Golfo do México".

Pirâmide-templo da Zona Arqueológica de Moral-Reforma, onde ocorreram os achados / Crédito: Divulgação/INAH/Projeto de Reforma Moral

 

Os achados

Conforme descrito pela Revista Galileu, os crânios encontrados nos dois complexos mortuários eram majoritariamente de jovens adultos do sexo masculino, o que, por se tratar de um padrão, reforça a teoria de que eram relacionados a alguma espécie de ritual de sacrifício. Além disso, essas pessoas apresentavam deformações tabulares oblíquas, uma "característica física obtida intencionalmente", conta Reyes.

Em dois dos indivíduos datados do período Clássico Tardio, os pesquisadores apontaram uma modificação dentária e incrustações de jade, o que possivelmente demonstra que as figuras tinham algum tipo de destaque naquela sociedade. O estudo ainda aponta que os esqueletos dessa fase foram encontrados a uma profundidade de 35 a 57 centímetros da superfície.

Ao todo, foram encontrados 13 sepultamentos do chamado período Clássico Tardio, incluindo não só crânios, como também fragmentos de mandíbulas e outros ossos.

Desse número de enterros, houve oito indivíduos que tiveram que ser decapitados e partes de seus corpos desmembradas e colocadas separadamente, para consagrar o templo", acrescenta Reyes no comunicado do INAH. 

Já o grupo datado do período Pré-clássico tardio foi sepultado a uma profundidade de 60 a 87 centímetros; ao todo, foram achados ossos de 12 indivíduos. Estes, por sua vez, possuem uma disposição mais variada: alguns foram achados em posição sentada e lateral direita, enquanto outros foram levados ali após já terem passado por outro sepultamento.

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