Líder do Quilombo dos Machado, Luís Rogério, diz que não é novidade a destruição atingir o "povo preto, pobre, indígena, periférico"
Gabriel Marin de Oliveira Publicado em 09/05/2024, às 14h06
Localizado na área urbana de Porto Alegre, o Quilombo dos Machado, um dos oito quilombos da região, encontra-se quase totalmente inundado, assim como a vizinha Vila Respeito. Situadas nas áreas periféricas da região de Sarandi, zona norte da cidade, essas comunidades estão entre as mais afetadas pelas chuvas intensas.
Luís Rogério Machado, conhecido como Jamaica, líder tanto do Quilombo dos Machado quanto da Frente Quilombola do Rio Grande do Sul, resume: "Noventa e sete por cento da área está completamente submersa". Apesar da devastação que atingiu quase toda a região, a sede do quilombo permaneceu intacta.
Conforme repercutido pelo portal Terra, o local está concentrando o apoio aos que perderam tudo, incluindo os residentes da comunidade vizinha, a Vila Respeito.
Segundo o produtor musical Jay-Gueto, que nasceu e cresceu na Vila Respeito há 27 anos, eles já estavam em uma situação vulnerável mesmo antes da enchente.
Desde que me lembro, as chuvas intensas sempre resultaram em inundações e a infraestrutura de saneamento é precária", afirma. Na parte mais baixa da vila, a água alcançou uma altura de cinco metros.
Para o líder quilombola Jamaica, seu parceiro de lutas e de vida, as perdas não se limitam ao material, mas remontam aos tempos ancestrais, atravessando séculos. "Há 524 anos, estamos testemunhando isso, não há nada de novo", afirma ele em uma entrevista ao Visão do Corre.
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