O presidente dos EUA, Joe Biden - Getty Images
Estados Unidos

Biden removerá Cuba de lista de países relacionados ao terrorismo

Especialistas alertam que possível retorno de Cuba à lista dependerá de esforços futuros de Trump, responsável por incluir o país na relação em 2021

Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 15/01/2025, às 15h20

O governo Biden informou ao Congresso sua decisão de remover Cuba da lista de Estados patrocinadores do terrorismo, em um acordo que, segundo o governo cubano, inclui a libertação gradual de 553 presos políticos.

O anúncio foi feito cinco dias antes de Joe Biden deixar a presidência e Donald Trump assumir como o 47º presidente dos Estados Unidos. A negociação, mediada pela Igreja Católica, foi destacada por um alto funcionário do governo:

Concluímos uma avaliação e não encontramos informações que sustentem a designação de Cuba como patrocinador do terrorismo.”

O acordo prevê a liberação humanitária de um número significativo de presos políticos em Cuba. Autoridades da Igreja Católica desempenharam papel central no diálogo, que foi reconhecido pelo governo cubano.

Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores de Cuba elogiou a decisão dos EUA, descrevendo-a como "um passo na direção certa" que reflete uma demanda histórica de Cuba e de diversos governos, especialmente da América Latina e Caribe.

Ainda assim, o governo cubano destacou que o bloqueio econômico imposto pelos EUA permanece, causando grandes prejuízos econômicos e humanitários para a população da ilha.

Repercussão

Maykel González Vivero, jornalista cubano e ativista LGBTQ+, celebrou a libertação dos presos políticos, expressando esperança de que figuras como José Daniel Ferrer e os artistas Luis Manuel Otero Alcántara e Maykel “Osorbo” Castillo Pérez sejam beneficiados.

“Este é um grande dia para Cuba”, declarou ao The Guardian, mas também alertou sobre a incerteza de um possível retorno de Cuba à lista sob a administração Trump.

A designação de Cuba como patrocinador do terrorismo foi restabelecida por Trump em 2021, pouco antes de deixar o cargo, citando o suposto apoio cubano a atos de terrorismo internacional. Essa classificação, que impõe sanções severas, havia sido retirada em 2015 por Barack Obama.

A decisão de Biden pode ajudar a aliviar a crise humanitária na ilha, localizada a menos de 160 quilômetros da costa da Flórida. No entanto, legisladores republicanos criticaram a medida.

O senador Rick Scott, da Flórida, chamou a decisão de "imprudente e perigosa", prometendo trabalhar com Trump para revertê-la imediatamente após sua posse.

América Latina

Apesar das críticas, líderes latino-americanos saudaram a decisão. O presidente colombiano, Gustavo Petro, classificou o gesto de Biden como um "grande avanço" rumo ao diálogo com a diversidade da América Latina.

No Brasil, o presidente Lula também defendeu a remoção de Cuba da lista em discursos anteriores, classificando a inclusão prévia como "injustificada".

O presidente do Chile, Gabriel Boric, igualmente apelou ao governo dos EUA, destacando que as sanções afetam principalmente o povo cubano, não seu governo. Durante uma visita aos EUA em 2023, Boric reiterou: “É vital suspender as sanções contra Cuba e reconhecer que ela não deve estar nessa lista.”

Enquanto isso, especialistas alertam que um possível retorno de Cuba à lista dependerá de esforços futuros da administração Trump, mas sua execução pode encontrar barreiras práticas e diplomáticas no caminho.

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