Além das intrigas políticas, mãe de d. Pedro I também era boa de copo
Fabio Previdelli Publicado em 18/12/2021, às 09h00
Figuras peculiares, os avós de dom Pedro II — e, consequentemente, pais de Pedro I —, Carlota Joaquina e Dom João VI formavam um casal um tanto quanto incomum.
Afinal, além de não se entenderem muito bem como parceiros, Dom João sempre sofreu com as intrigas políticas tramadas por sua esposa, que apoiou o filho, D. Miguel, em um Golpe de Estado contra o próprio pai na década de 1820.
Outro ponto peculiar dos dois era a maneira exacerbada com que comiam, segundo explicam a historiadora portuguesa Ana Roldão e o jornalista Edmundo Barreiros no livro 'Banquetes Reais' (Zahar), publicado em 2008.
Conforme apontam, a mesa de jantar de cada um deles era composta por 12 pratos: o que incluía um cozido, dois assados, duas terrinas de sopa, duas massas, quatro guisados e um arroz, isso sem contar frutas, pão de queijo e goiabada.
Os banquetes iam além e dispunham de 30 pratos diferentes. De acordo com os autores, dom João VI, classificado como um “bom de garfo”, foi o que mais se rendeu às iguarias tupiniquins. “Dom João descascava cinco mangas depois de comer três frangos”, revela a lusitana à Época.
"Vou reproduzir no livro um documento em que ele conta dos três ‘frangãos’, não frangões, que comia. Menciona o cozinheiro dele, Alvarenga, dizendo que ninguém sabia prepará-los como ele”, continua.
Eu vi a camisola de dom João… Dá para ver que ele era um homem grande e aí entende-se o tamanho de seu apetite”.
A corte portuguesa, inclusive, foi a responsável por reorganizar os horários das refeições por aqui. O almoço, por exemplo, era servido bem cedo, levando em consideração os costumes atuais: às 9 horas da manhã. Já o jantar estava pronto às 14h e a ceia às 19h.
Carlota Joaquina, por sua vez, também tinha suas peculiaridades — contestáveis — em diversos aspectos de sua vida.
Carlota, de acordo com Paulo Setúbal no livro ‘Os Bastidores da História’ (Companhia Editora Nacional), publicado em 1983, possuía um defeito ainda maior: um racismo imoderado: "Vou ficar cega quando chegar a Lisboa! Pudera! Vivi 13 anos no escuro, só vendo negros”, dissera ao embarcar de volta à Portugal.
A mãe de Pedro I odiava tudo que fosse nacional, com a rara exceção do palmito, que chegou a enviar em um preparo feito na manteiga para seu irmão, o rei da Espanha Fernando VII, conforme aponta Eda Romio no livro ‘500 anos de Sabor - Brasil 1500-2000’ (ER Comunicações).
Um dos motivos para tal aversão era o calor ‘infernal’ do Rio de Janeiro — o que lhe fazia entornar uma grande quantidade de cachaça. "Na Torre do Tombo, em Lisboa, um documento aponta que eram consumidas muitas unidades de aguardente de cana por mês, a maioria destinada ao quarto e à cozinha de Carlota”, diz Ana Roldão à Folha de S. Paulo.
Ela tomava aguardente misturada com sucos de frutas frescas, pois sofria demais com o calor brasileiro. Tinha necessidade de hidratar o corpo. Mas não adianta só dizer que ela era pinguça. No cruzamento de informações, percebe-se que a alimentação das mulheres era carregada nos doces, o que explica [o alto consumo], porque a aguardente era usada para conservar compotas de fruta”, conclui.
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